O Enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva

Nos tempos pós-modernos, a Enfermagem tem se deparado com um grande desafio: acompanhar com presteza e espírito inovador a evolução contínua da tecnologia e, ao mesmo tempo, saber ouvir os sofrimentos, angústias e frustrações das pessoas que estão sob seus cuidados.

O enfermeiro de UTI trabalha em um ambiente onde vida e morte, humano e tecnológico encontram-se em luta constante. Apesar de existirem vários profissionais que atuam na UTI o enfermeiro é o responsável pelo acompanhamento constante, consequentemente possui o compromisso dentre outros de manter a homeostasia do paciente e o bom funcionamento da unidade.

Para desempenhar um cuidado humanizado ao paciente além dos procedimentos técnicos, atividades administrativas, gerenciais e burocráticas, o enfermeiro deve focalizar seu olhar nos aspectos psíquicos, espirituais e emocionais do ser humano. Obter conhecimentos e utilizá-los em intervenções corretas é parte de sua responsabilidade, que deve manter-se sempre atualizada para que haja uma atuação mais eficaz no cuidado do paciente, visando a diminuição dos riscos, complicações e morte.

Ao se respeitar e atender as necessidades e direitos do paciente, a equipe que com ele se relaciona terá sucesso em seu trabalho, já que é de responsabilidade principalmente do enfermeiro fazer com que esses direitos sejam cumpridos. Salientam MENDES et al (2000, p.217) a respeito do profissional enfermeiro:

“(…) mais do que qualquer outro profissional de saúde, o enfermeiro tem frequentemente tempo, oportunidade e acima de tudo preparo para demonstrar seu conhecimento pelo direito do paciente, ser assistido com dignidade e ainda mais, de promover estes direitos, através de suas ações. ’’

De acordo com Hudak e Gallo (1997), o papel do enfermeiro na unidade de tratamento intensivo consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas.

O enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva deve possuir conhecimento, habilidade e atitude, compete a ele sistematizar e decidir sobre o uso de recursos humanos, físicos, materiais e de informação na assistência prestada.

As funções do enfermeiro são desempenhadas para atender as necessidades de saúde de pessoas ou de comunidades. No ambiente de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estas funções estão ligadas ao cuidado com o doente crítico que envolve um arsenal tecnológico específico, exigindo dos enfermeiros conhecimentos e habilidades relacionados ao manuseio de máquinas e às necessidades dos pacientes que dependem delas. (SCHWONKEET al., 2012).

A comunicação eficaz com o paciente dentro da UTI é um dos desafios da equipe, particularmente quando o paciente encontrasse intubado. O esforço e o bom senso são ainda as melhores ferramentas. Chamar o paciente sempre pelo nome, com tom de voz calmo e volume normal, olhar para o seu rosto e estabelecer contato cortês e respeitoso, dirigir-lhe a palavra sempre que se aproximar do leito para algum procedimento e examiná-lo de maneira atenciosa, com toques cuidadosos são algumas atitudes facilmente adotadas, que resgatam a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação. (KNOBEL; NOVAES; KARAM ,1999).

A família é um elemento importante nesse contexto, assim como o paciente ela também está com seus medos, anseios e incertezas diante do quadro. O enfermeiro com toda sua destreza tem o dever de confortar o familiar, dando-lhes as devidas orientações sobre o estado do paciente, normas e rotinas da unidade, assim a família sente-se acolhida colaborando com o profissional. O enfermeiro deve apoiar e orientar tanto paciente quanto a família na vivencia do processo de doença, tratamento e reabilitação, assim é mais fácil para a família ficar segura de que a pessoa internada receberá toda a assistência de que necessita.

Qualquer indivíduo que vivencia um processo de hospitalização está sujeito a encarar situações estressantes e muitas vezes de sofrimento. Por isso, deve-se considerar fundamental a manutenção do vínculo familiar e o diálogo do profissional-paciente, tendo o cuidado como essência da Enfermagem. (MARTINS,2010).

Os recursos tecnológicos presentes na UTI para garantir a estabilidade do paciente, em especial aqueles invasivos, como drenos, sondas, cateteres e tubos, são percebidos pelos familiares como causadores de desconforto ao paciente, gerando ansiedade e medo em relação ao diagnóstico, tratamento e prognóstico. Os familiares sentem necessidade de receber informações junto aos enfermeiros que os ajudem a entender o que se passa com o doente para obter tranquilidade e segurança. (SAIOTE; MENDES,2011).

Para o enfermeiro agir de forma coerente e humanizada respeitando o paciente de maneira holística com singularidade, pode ponderar-se dos princípios da biótica. A Bioética possui como uma de suas características principais a de ser uma ciência na qual o Homem é sujeito e não somente objeto. Funda-se em quatro princípios: autonomia, beneficência, justiça e não-maleficência.

Beneficência: trata-se do critério mais antigo da ética médica. Resume-se em fazer o bem ao paciente.
Autonomia: um dos norteadores da Bioética. Trata-se da capacidade de decisão do paciente. Decidir em não aceitar determinado tratamento ou mesmo medicação. Também pode decidir o melhor horário para o seu banho no leito. A autonomia dá ao ser humano a capacidade para agir de acordo com sua vontade por meio de escolhas que estão ao seu alcance e diante de objetivos por ele estabelecidos.

Justiça: todo ser humano merece atenção e cuidado e deve ser tratado com igualdade e com imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios perante toda atenção à saúde. Precisa-se de muita cautela para que não haja injustiça social. Assim, torna-se importante o diálogo multidisciplinar, assim como com toda a sociedade a fim de decidir sobre alocação de recursos em Saúde Pública.

Não-maleficência: ou a obrigação de não causar danos, e beneficência ou a obrigação de prevenir danos, retirar danos e promover o bem.

Baseado nos princípios da biótica o enfermeiro tem em mãos uma ferramenta do qual o norteia para o cuidado ao paciente em sua integralidade e subjetividade. Utilizando o princípio da autonomia, estimular o paciente no autocuidado capacitando-o a ser independente, deixando-o expressar suas vontades, decidir sobre o tratamento médico, ele tem todo o direito de fazer escolhas. 

O princípio da justiça consiste de que agir com justiça pressupõe a assistência equitativa a todos os pacientes, levando em consideração sua condição biopsicoespiritual. Os princípios da não maleficência e beneficência requer que não cause danos e promova o bem, ou seja, assistência prestada sempre em prol do bem-estar do paciente eximindo de complicações recorrentes a internação.

O enfermeiro sendo direcionado pelos princípios da bioética se isentando de toda uma problemática que possa vir a ocorrer como: imperícia, negligencia e imprudência, sendo assim, toda a equipe presta assistência para o paciente com segurança e qualidade.

No mundo atual o enfermeiro se depara com pessoas de vários tipos tais como: excluídos, vulneráveis, violentos e com diferentes opções sexuais, onde a bioética e humanização são ferramentas que contribuem para um cuidado adequado.

Artigo Original: O PAPEL DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DIANTE DE NOVAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE
Autores: Janaina Daniel Ouchi, Ana Paula Rodrigues Lupo, Bianca de Oliveira Alves, Renato Vasques Andrade, Michele Bueno Fogaça.

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