Transfusão de sangue pode ser feita em cães e gato

Ao contrário do que muitos pensam, a transfusão pode ser feita em humanos, cães e gatos.

A transfusão é definida como uma terapia intravenosa com sangue total ou com hemocomponentes, dependendo da disponibilidade e da indicação da transfusão. A indicação mais frequente para a realização da transfusão sanguínea é para correção da anemia grave causada por hemorragia, hemólise, eritropoiese ineficaz, anemia hemolítica autoimune e neoplasia. A transfusão combate também a doença do carrapato, que atinge a medula óssea e afeta a produção de plaquetas, células brancas e células vermelhas. Nas últimas décadas a transfusão sanguínea ganhou notoriedade como medida de terapia emergencial na clínica de pequenos animais. O avanço da técnica de hemoterapia e a maior segurança ao empregá-la estão relacionados com o reconhecimento dos tipos sanguíneos caninos e o teste de compatibilidade.

Para cada situação, a transfusão demanda um tipo específico de sangue, além de ser feita baseada na necessidade do animal: “A transfusão pode ser feita com sangue fresco, refrigerado, concentrado de plaquetas e papa de hemácia. Vai depender do que o animal precisa”, explica a veterinária Milene. “Gatos também podem passar pelo procedimento, mas é mais difícil, porque o sangue tem que ser coletado exclusivamente da jugular, as veias da pata não são espessas o suficiente. Os gatos podem doar pouco. Então, se um felino precisar de muito sangue, serão necessários vários animais para realizar o processo”, informa Milene.

O sucesso de uma transfusão depende de criteriosa seleção do doador. Os animais devem ter idade acima de um ano, pesando entre 20 a 30 kg, não obesos, de temperamento dócil e fácil manejo, que anteriormente não tenham recebido transfusões. Na prática tem mostrado que cães de raça pointer, pastor alemão, dálmata e outros cães mestiços de grande porte se prestam muito bem para esta finalidade. Em hospitais veterinários é importante que 2 ou 3 animais de propriedade do estabelecimento estejam sempre disponíveis, nas condições acima descritas.

Os doadores devem ser clinicamente sadios, apresentarem boas condições físicas, isentos de parasitos de qualquer espécie, cercados de atenção especial com relação àquelas moléstias possíveis de serem transmitidas por via sanguínea. É recomendável, cada seis meses, vacinar os doadores contra a hepatite infecciosa e a leptospirose.

Já no caso dos gatinhos, as recomendações para poder ser doador são praticamente as mesmas dos cães, mas a pesagem deve ser entre 4,5 e 5kg. Em alguns hospitais onde o número de pacientes atendidos é grande, e, consequentemente, a quantidade de transfusões também, costuma-se ter criação de animais doadores, para facilitar a disponibilidade. Lembrando que a idade permitida para doar sangue é entre 1 e 8 anos, tanto nos cães como nos gatos.

A COLETA DE SANGUE 

Doar sangue não faz mal ao cãozinho nem ao gatinho, desde que todos os cuidados sejam tomados, e após a doação, o organismo do animal saudável consegue repor todas as células retiradas e ficará bem, sem ter dano nenhum. O procedimento de coleta é simples e feito com uma agulha e uma bolsa apropriada, assim como em humanos. As bolsas de sangue são armazenadas e servirão para salvar a vida dos outros bichinhos que estiverem precisando, ali, o sangue fica pronto para ser colocado no organismo do outro animal, como solução injetável, através da administração venosa.

Assim como na medicina humana, os cães também contam com banco de sangue. “Porém, eles existem em menor quantidade, pois é muito difícil conseguir doadores e as bolsas têm validade, o que dificulta ainda mais o processo”, relata Dr. Régis.

Contudo, se você quiser voluntariar seu cão para ser um doador, existem universidades e hospitais veterinários (como o hemocentro do HOVET da USP, em São Paulo) que fazem a coleta e armazenam o sangue do seu cãozinho em seus bancos.

Afinal, doar sangue é dar o direito à vida para outro ser. Além do seu cão, doe você também.

REFERÊNCIAS 
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