O enfermeiro é peça fundamental na identificação

O enfermeiro poderá identificar sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes, contribuindo para um acesso mais rápido ao atendimento.

Acredita-se que o enfermeiro, atuante na Atenção Primária, é um profissional que deve estar capacitado para reconhecer os sinais e sintomas das doenças prevalentes na infância, por meio do AIDPI e análise de resultados de exames solicitados, de modo que possibilite o encaminhamento ao profissional médico e, posteriormente, ao especialista se for o caso, para que este realize o diagnóstico. Para tanto, esse profissional deveria interessar-se em conhecer os sinais e sintomas do câncer infanto juvenil, visto que, esse fato pode colaborar na identificação precoce da doença.

Em um estudo realizado por Barros em 2016 sobre o conhecimento dos profissionais de saúde atuantes na atenção primária quanto à identificação dos sinais e sintomas do câncer infanto juvenil, mostrou-se indispensável o processo de qualificação desses profissionais. Esse autor afirma a necessidade de capacitações aos profissionais e ressalta, também, o poder que a educação possui citando que através do conhecimento o enfermeiro passa a ser reconhecido, aumentando a capacidade de melhorar suas condições de trabalho e fornecimento de serviço de qualidade ao usuário.

A portaria de nº 278 de 27 de Fevereiro de 2014 institui a Política de Educação Permanente em Saúde (PEPS), a qual considera que a Educação Permanente seja um meio imprescindível de aprendizagem para o trabalhador da área da saúde (BRASIL, 2014). A atuação da PEPS é indispensável e de extrema necessidade na capacitação dos profissionais atuantes na atenção primária a fim de tornar esses indivíduos aptos a reconhecer os sinais e sintomas do câncer infanto juvenil (SIQUEIRA,2016).

Os enfermeiros devem reconhecer a necessidade em atualizar seus conhecimentos e buscar estudos recentes sobre o câncer infanto juvenil, a fim de contribuir com o aumento da chance de cura e sobrevida das crianças e adolescentes acometidos pela doença, visto que a atenção básica e a assistência realizada por esses profissionais são, por diversas vezes, a porta de entrada aos usuários do Sistema único de Saúde.

Portanto, sabe-se que o enfermeiro é um dos profissionais mais importantes no diagnóstico precoce do câncer infanto juvenil devido à sua capacidade de assistência direta à criança e sua responsabilidade no gerenciamento e coordenação da equipe de agentes comunitários de saúde e auxiliares e técnicos de enfermagem. Além de que, realiza consulta de enfermagem, por meio da anamnese e exame físico, coletando dados essenciais para o planejamento da assistência, selecionando os casos prioritários e que necessitam de investigação e elucidação de questões e problemas de saúde.

A sobrevida de crianças com câncer melhorou muito nos últimos 30 anos. Antes disso, essa era uma doença quase sempre associada à morte, enquanto hoje, na maioria dos centros desenvolvidos, sua cura ultrapassa a faixa de 70% dos casos (INCA, 2008). Nos Estados Unidos, a sobrevida em cinco anos do câncer em crianças e adolescentes aumentou de 28%, em 1960, para 75%, em 1990, um crescimento de 42% (SIMONE; LYONS, 1998). 

Na Europa, a sobrevida em cinco anos de crianças também melhorou, passando de 44%, naquelas diagnosticadas em 1970, para 64%, em crianças diagnosticadas em 1980, e 74%, para crianças diagnosticadas em 1990 (STELIAROVAFOUCHER et al., 2004). Vários fatores colaboraram para a melhora dos resultados, como o cuidado especializado das crianças em unidades de oncologia pediátrica dedicadas, com equipes especializadas e participação em estudos clínicos prospectivos bem delineados (CRAFT, 2000; SIMONE, 2006).

A enfermagem desenvolve abordagens que particularizem o cuidado de acordo com a singularidade de cada caso e evitando estereótipos ou preconceitos, não subestimando a competência dos pais e familiares, nem os deixando desamparados quando necessitam de suporte.

Com o diagnóstico precoce o câncer minimiza-se o tratamento e maximiza-se a qualidade de vida.

Nas visitas domiciliares, em conjunto com os ACS e/ou com a equipe de enfermagem, o enfermeiro poderá identificar sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes, contribuindo para um acesso mais rápido ao atendimento médico. Durante e após o diagnóstico e o tratamento do câncer, realiza as orientações necessárias e também o acompanhamento das crianças e dos adolescentes que estejam em cuidados paliativos. Deverá atualizar informações, resgatar os pacientes fora de tratamento por abandono ou outros motivos, inserindo-os novamente no atendimento oncológico.

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