Novo caso de Ebola em cidade grande do Congo aumenta temor

Organização Mundial de Saúde (OMS), diz que caso pode ser um 'divisor de águas' do segundo maior surto do vírus na história por causa da grande população de Goma, de mais de 2 milhões de habitantes.

A República Democrática do Congo confirmou o primeiro caso de ebola na cidade de Goma, um importante eixo de transportes no leste do país africano. Segundo o Ministério da Saúde local, um pastor foi diagnosticado após chegar de ônibus no domingo (14).

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o caso pode ser um "divisor de águas" por causa da grande população de Goma, de mais de 2 milhões de habitantes.

Mas a OMS disse estar confiante nas ações de contenção. "Esperamos que, com as medidas que implementamos, não haja mais transmissão do ebola em Goma", disse seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O pastor infectado viajou de ônibus por 200 km da cidade de Butembo, onde esteve em contato com pessoas com ebola, até Goma.

O Ministério da Saúde disse em um comunicado que há um baixo risco de propagação da doença, porque todos os outros ocupantes do ônibus – um motorista e mais 18 passageiros – foram rastreados e seriam vacinados nesta segunda-feira, 15 de julho.

"Por causa da velocidade com que o paciente foi identificado e isolado, bem como a identificação de todos os passageiros, o risco de o vírus se espalhar por Goma permanece pequeno."

Mais de 1.600 pessoas morreram desde o início do surto de ebola no leste da República Democrática do Congo há um ano – o segundo maior surto de todos os tempos.

Goma é um importante centro comercial e cultural na fronteira com Ruanda e tem ligações de transporte com toda a região leste do país. Cerca de 3.000 profissionais de saúde que atuam cidade já foram vacinados.

A tensão atravessou a fronteira, e Ruanda disse estar em alerta máximo para o ebola.

A ministra da Saúde, Diane Gashumba, foi à cidade fronteiriça de Gisenyi depois que o caso de Goma foi confirmado. Há livre circulação de pessoas entre as duas cidades.

Segundo Gashumba, as pessoas deveriam "pensar duas vezes antes de irem para onde há a doença".

Desconfiança generalizada nas autoridades favorece propagação do vírus

O ebola infecta seres humanos por meio do contato próximo com pessoas ou animais infectados, incluindo chimpanzés, morcegos frugívoros e antílopes da floresta.

O vírus pode então se espalhar rapidamente quando pessoas têm contato direto com lesões na pele, na boca e no nariz ou com sangue, vômito, fezes ou fluidos corporais de alguém que tem o vírus, ou indiretamente, ao ficarem em ambientes contaminados.

O ebola inicialmente causa sintomas como febre súbita, fraqueza intensa, dor muscular e dor de garganta. O quadro depois progride para vômitos, diarreia e sangramento interno e externo. Os pacientes tendem a morrer de desidratação e falência múltipla de órgãos.

O ebola é um grande desafio para os profissionais de saúde da República Democrática do Congo que lutam para conter sua disseminação.

"As pessoas ainda têm medo de ir às clínicas de saúde se estiverem com sintomas de ebola", diz Tariq Riebl, diretor de resposta a emergências de ebola da organização não governamental International Rescue Committee.

OMS não considera surto um caso de emergência global

Décadas de conflito no leste da República Democrática do Congo geraram uma desconfiança generalizada das autoridades, e isso tem um impacto sobre a propagação da doença, de acordo com autores de um relatório recente.

O atual surto no leste da República Democrática do Congo começou em 2018 e é o décimo a atingir o país desde 1976, quando o vírus foi descoberto pela primeira vez.

A epidemia na África Ocidental entre 2014 e 2016, que afetou 28.616 pessoas e fez 11.310 vítimas fatais, principalmente na Guiné, Libéria e Serra Leoa, foi o maior surto do vírus já registrado.

Desde o início do atual surto, a Organização Mundial de Saúde optou em três ocasiões diferentes não declará-lo como uma situação de emergência de saúde global.

Robert Steffen, presidente do comitê de emergência para ebola da OMS, disse em abril que adotar essa medida não mudaria nada nas ações de combate ao vírus no país.

Mas o Reino Unido pediu na semana passada que o órgão fizesse isso para facilitar a arrecadação internacional de fundos para lutar contra a disseminação da doença.

Fonte: G1

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