Os Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos é um manual técnico para subsidiar os profissionais de saúde a promover práticas alimentares saudáveis para a criança pequena.
Estudos de intervenção foram realizados para avaliar o impacto de orientações baseadas nas recomendações do "Guia Alimentar para crianças menores de dois anos".
A intervenção associou-se a maior proporção de aleitamento materno exclusivo aos quatro e seis meses e amamentadas aos 12 meses e a menor proporção de crianças que apresentaram diarréia, problemas respiratórios e uso de medicamentos na faixa etária de 12 a 16 meses. A intervenção associou-se também a menor prevalência de cárie dentária nas crianças que receberam a intervenção (VITOLO et al., 2005; FELDENS; VITOLO; DRACHLER, 2007).
Em relação ao consumo de alimentos de baixo valor nutricional, o mesmo estudo mostrou que a intervenção baseada na orientação dos Dez passos foi capaz de reduzir o número de crianças que receberam bala, refrigerante, mel, biscoitos do tipo recheado, chocolate e salgadinho na faixa etária de 12 a 16 meses.
Os autores enfatizam que as orientações contidas nos Dez passos da alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos não requerem mudanças estruturais no âmbito econômico e social e, portanto, não há limitações para serem alcançadas em curto prazo, desde que os profissionais de saúde passem a priorizar essas orientações na atenção primária.
Os profissionais e as Equipes de Atenção Básica podem estabelecer estratégias para sensibilizar e avaliar sua prática profissional, pensando na integralidade e interdisciplinaridade do cuidado e, ao mesmo tempo, ajudar a família a adotar os dez passos.
Eis algumas orientações:
Passo 1:
Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
Dica ao profissional e à equipe:
Rever se as orientações sobre aleitamento materno são fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2:
A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
Dica ao profissional e à equipe:
Antes de dar a orientação desse passo, perguntar à mãe/cuidador como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidá-la(lo) a complementar seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.
Passo 3:
Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
Dica ao profissional e à equipe:
Sugerir receitas de papas, oferecendo ideias em relação à proporcionalidade entre os grupos de alimentos, de forma prática e com linguagem simples.
Passo 4:
A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança.
Dica ao profissional e à equipe:
Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável.
Passo 5:
A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até hegar à alimentação da família.
Dica ao profissional e à equipe:
Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional.
Passo 6:
Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
Dica ao profissional e à equipe:
Conversar sobre a estimulação dos sentidos enfocando que a alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e a família.
Passo 7:
Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Dica ao profissional e à equipe:
Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois, aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e típicos da estação.
Passo 8:
Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Dica ao profissional e à equipe:
Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre alimentação saudável.
Passo 9:
Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e conservação adequados.
Dica ao profissional e à equipe:
Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças sobre cuidados de
higiene geral, alimentar e bucal.
Passo 10:
Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.
Dica ao profissional e à equipe:
Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança doente ao serviço de saúde.