Relação dos Cuidados Paliativos com a Humanização na Enfermagem

Humanização vem a ser um termo que necessita ser lembrado constantemente, principalmente quando se fala em Cuidados Paliativos.

No que diz respeito aos Cuidados Paliativos, apesar de ter sua filosofia de firmada num cuidado integral, a Humanização vem a ser um termo que necessita ser lembrado constantemente por conta do tecnicismo e do reducionismo que este vem adquirindo ao longo dos anos, vindos de um paternalismo presente nos profissionais de saúde que executam este tipo de cuidado.

O tecnicismo e o reducionismo surgem quando o cuidado perde a sua essência, o que pode ser fomentado pelos avanços de recursos tecnológicos que se tornam cada vez mais presentes e dominantes na assistência, pois proporcionam maiores possibilidades de cura, reduzindo a visão dos profissionais a uma visão de remediar, medicar ou intenso curativismo, como se todas as condições de saúde fossem medicáveis, até mesmo na situação de terminalidade e eminente morte.

Por isto, os Cuidados Paliativos compreendem a essência do cuidar, que mais do que dar suporte ao que o outro não pode fazer por si só, na terapêutica paliativa, representa uma responsabilidade muito grande, onde se torna necessária, apesar de toda a dificuldade, uma abordagem que seja híbrida, onde se deve ser firme, porém brando, além de exigir renúncia por parte do profissional, e também a entrega de algo maior do que simples cuidado, um cuidado integral.

O cuidado, por si só, é um fator que leva a humanização, e consequentemente a uma melhor qualidade de vida, pois permite que todos os indivíduos envolvidos, mas principalmente os profissionais, entendam seu papel e também tenham consciência do seu dever para com aquilo que esta sob sua responsabilidade. Porém ainda assim existe uma dificuldade em prestar um cuidado integral, contemplando todas as necessidades do paciente.

Pode se observar que muitas das vezes, quando se diz respeito aos Cuidados Paliativos, a qualidade em si não se encontra somente no domínio da habilidade técnica ou no conhecimento daquele que presta o cuidado, porém no proceder do profissional, que não é nada mais do que um reflexo da visão que o mesmo possui, em relação ao paciente e ao seu contexto naquele exato momento.

Ainda pode se afirmar também que, apesar do ato de cuidar ser mais que uma tarefa, uma atribuição do enfermeiro em seu plano de terapêutica, percebe se que este profissional possui liberdade de escolhas para realizar suas tarefas, porém esta liberdade é circunstancial, e pode trazer consequências de alta complexidade.

Por isto, o enfermeiro assume riscos, e isto pode servir como indicador da postura do enfermeiro em relação ao outro, ao paciente.

O cuidado envolve também envolve uma díade entre o enfermeiro e o paciente, ou aquele que é o alvo do cuidado da enfermagem, onde os dois possuem uma maneira de pensar e proceder sobre o cuidado. E esta maneira de pensar tem de conversar com toda a assistência de enfermagem, permitindo o cuidado, bem como a identificação de sua necessidade e a aceitação deste cuidado pelo paciente.

A partir de quando houver esta díade, o enfermeiro tem a possibilidade de humanizar a assistência em todos os seus aspectos, inclusive em relação aos familiares e pessoas próximas ao paciente, assumindo então um papel de facilitador e solucionador em sua assistência, permitindo que este possa humanizar a experiência da terminalidade humana, promovendo a qualidade de vida na morte.

É de extrema importância recordar tipos de necessidades que nem todos os profissionais têm o hábito de avaliar, mas que são de extrema importância para o andamento da terapêutica, como necessidades espirituais, sociais, afetivas, pois a morte traz sofrimento existencial, que já deve ser esperado por conta do encontro com a finitude e a natureza de uma fase da vida totalmente diferente das demais.

Referências

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