Quais os tipos de dor?

Atualizado em 05/03/2022 às 08:15

De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor, dor é uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou potencial, ou descrito nos termos de tal dano.

“Dor é sempre subjetiva e pessoal”

A severidade da dor não é diretamente proporcional à quantidade de tecido lesado e muitos fatores podem influenciar a percepção deste

Sintoma:

• fadiga;

• depressão;

• raiva;

• medo/ ansiedade doença;

• sentimentos de falta de esperança e amparo.

Cecily Saunders ( * ) introduziu o conceito de “Dor Total”, constituída por vários componentes: físico, mental, social e espiritual. Pacientes com doença avançada se deparam com muitas perdas; perda da normalidade, da saúde, de potencial de futuro. A dor impõe limitações no estilo de vida, particularmente na mobilidade, paciência, resignação, podendo ser interpretada como um “saldo” da doença que progride.

Este conceito de Dor Total mostra a importância de todas essas dimensões do sofrimento humano e o bom alívio da dor não é alcançado, sem dar atenção a essas áreas.

Na experiência dolorosa, os aspectos sensitivos, emocionais e culturais são indissociáveis e devem ser igualmente investigados. Todos os aspectos sobre a “Dor Total”, devem ser claros para a equipe. Leituras complementares sobre este aspecto são recomendáveis.

INCIDÊNCIA DE DOR EM PACIENTES COM CÂNCER

A prevalência de dor aumenta com a progressão da doença.
Dor moderada ou intensa ocorrem em 30% dos pacientes com câncer recebendo tratamento e em 60% a 90% dos pacientes com câncer
avançado.

CAUSAS DE DOR

A dor sentida pelo paciente pode ter como causa:
• próprio câncer (causa mais comum)- 46% a 92%:
– invasão óssea tumoral;
– invasão tumoral visceral;
– invasão tumoral do sistema nervoso periférico;
– extensão direta às partes moles;
– aumento da pressão intracraniana.
• relacionada ao câncer-12% a 29%:
– espasmo muscular;
– linfedema;
– escaras de decúbito;
– constipação intestinal, entre outras.
• associada ao tratamento antitumoral-5% a 20%:
– pós-operatória: dor aguda, pós-toracotomia, pósmastectomia, pós-esvaziamento cervical, pós-amputação (dor fantasma);
– pós-quimioterapia: mucosite, neuropatia periférica, nevralgia pós-herpética, espasmos vesicais, necrose da cabeça do fêmur, pseudo-reumatismo (corticoterapia);
– pós-radioterapia: mucosite, esofagite, retite actínica, radiodermite, mielopatia actínica, fibrose actínica de plexo braquial e lombar.
• desordens concomitantes-8% a 22%:
– osteoartrite;
– espondiloartose, entre outras.

Muitos pacientes com câncer avançado sofrem de mais de um tipo de dor e o tratamento adequado vai depender da identificação de sua origem.
A dor pode ser completamente aliviada em 80% a 90% dos pacientes e um nível aceitável de alívio pode ser alcançado na maioria dos restantes.

CLASSIFICAÇÃO DA DOR POR SEU MECANISMO FISIOPATOLÓGICO

Dor Nociceptiva: Compreende dor somática e visceral e ocorre diretamente por estimulação química ou física de terminações nervosas normais – é resultado de danos teciduais mais comuns e freqüentes nas situações inflamatórias, traumáticas e invasivas, ou isquêmicas. A mensagem de dor viaja dos receptores de dor (nociceptores), nos tecidos
periféricos, através de neurônios intactos.
Dor Neuropática: Resulta de alguma injúria a um nervo ou de função nervosa anormal em qualquer ponto ao longo das linhas de transmissão neuronal, dos tecidos mais periféricos ao SNC.
Dor simpaticomimética: diferenciada pelo relato de irradiação arterial normalmente necessitando de diagnóstico diferencial por bloqueio
anestésico.

PADRÕES E TIPOS DE DOR

A avaliação e intervenção na dor aguda deve ser diferente da dor crônica. Embora existam aspectos comuns, os relatos de dor aguda têm ênfase nas características da dor, nas repercussões biológicas da dor e do alívio, enquanto os relatos de dor crônica enfatizam, além destes, aspectos psicossocioculturais que devem ser incluídos.

• Dor Aguda
Início súbito relacionado a afecções traumáticas, infecciosas ou inflamatórias. Espera-se que desapareça após intervenção na causa – cura da lesão, imobilização ou em resposta a medicamentos. Respondem rapidamente às intervenções na causa e não costumam ser recorrentes. Estão associadas respostas neurovegetativas como aumento da PA, taquicardia, taquipneia, agitação psicomotora e ansiedade. Relato de intensidade forte ou incapacitante de alto impacto na qualidade de vida.
Observa-se vocalização, expressões faciais e posturas de proteção.

• Dor crônica
Não é apenas o prolongamento da dor aguda. Estimulações nociceptivas repetidas levam a uma variedade de modificações no SNC.
Enquanto dor aguda provoca uma resposta simpática, com taquicardia, hipertensão e alterações em pupilas, dor crônica permite uma adaptação a esta situação. Mal delimitada no tempo e no espaço, é a que persiste por processos patológicos crônicos, de forma contínua ou recorrente. Sem respostas neurovegetativas associadas e com respostas emocionais de ansiedade e depressão freqüentes. As respostas físicas, emocionais e comportamentais ao quadro álgico podem ser atenuadas ou acentuadas por variáveis biológicas, psíquicas e socioculturais do indivíduo e do meio. De padrão evolutivo e intensidade com variação individual. Nem sempre se observa alteração comportamental ou postural, expressões faciais ou vocalizações.

• Dor Nociceptiva
Somática e visceral, ambas são dores nociceptivas. Dor somática aparece a partir da lesão da pele ou tecidos mais profundos e é usualmente localizada.
Dor visceral se origina em vísceras abdominais e/ou torácicas. Ambos os tipos de dor usualmente respondem a analgésicos Opiáceos e não Opiáceos, com excelente resposta quando a dor é somática e boa resposta quando a dor é visceral. É pouco localizada e descrita como sensação de ser profunda e pressionar. Algumas vezes é “referida” e sentida em uma parte do corpo distante do local de estimulação nociceptiva. A dor visceral é freqüentemente associada com outros sintomas, como náusea e vômitos.

• Dor neuropática
Já descrita anteriormente pode ocorrer por lesão do SNP ou SNC, com dano nervoso sendo determinado por trauma, infecção, isquemia, doença degenerativa, invasão tumoral, injúria química ou radiação. Característica de queixas de dor com irradiação neurodérmica e em queimação. A injúria primária, algumas vezes, pode ser trivial.

TIPOS DE DOR NEUROPÁTICA

A dor neuropática pode ser melhorada, mas com freqüência não é completamente aliviada pela analgesia com Opiáceos e não Opiáceos.
Drogas analgésicas adjuvantes são freqüentemente requeridas.
 Deaferentação: É um tipo de dor neuropática como, por exemplo,
dor fantasma, (injúria do plexo braquial ou lombo sacral).
• Dor central: ocorre por dano direto ao SNC
• Dor simpática mantida: É diagnosticada na presença de dor neuropática, quando existe associação com disfunções autonômicas, como edema local, alterações na sudorese e temperatura, mudanças tróficas (perda de cabelo, crescimento anormal de unhas, afinamento dos tecidos).
Pensa-se que é sustentada por atividade eferente, no SN simpático.

SENSAÇÕES ANORMAIS EM DOR NEUROPÁTICA

• Disestesia: sensação anormal espontânea;
• Hiperestesia: sensibilidade exagerada à estimulação;
• Hiperalgesia: resposta exagerada a um estímulo normalmente doloroso;
• Alodínea: dor causada por estímulo que normalmente não é doloroso;
• Hiperpatia: resposta explosiva a freqüentemente prolongada a um estímulo;
• Breakthroughpain: Dor episódica, incidental ou transitória.

• CALOR
Acredita-se que o calor reduza a dor por diminuir a isquemia tecidual aumentando o fluxo sanguíneo e relaxamento muscular. Produz alívio da rigidez articular, espasmos musculares e em inflamação superficial localizada. Pode ser aplicada no local da dor por meio de bolsas, compressas ou por imersão a temperatura entre 40 e 45 graus Célsius durante 20 a 30 minutos de 3 a 4 vezes ao dia.
• FRIO
A ação analgésica do frio está relacionada à contração muscular, diminuição do fluxo sanguíneo e diminuição de edema. O frio reduz a velocidade da condução nervosa, retardando os estímulos nociceptivos à medula. Aplica-se o frio superficial em torno de 15 graus Célsius, durante 15 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia por meio de bolsas e hidrocolóides, imersão e compressas de gelo “mole” (mistura de 3 partes de água gelada para uma de álcool).

• MASSAGEM
A massagem para o alívio da dor pode ser intuitiva e entendida como aplicação de toque suave ou com força em tecidos moles, músculos, tendões e ligamentos sem causar mudança na posição das articulações.
Massagem ou movimentos com alteração na posição das articulações são manobras restritas aos fisioterapeutas.
Acredita-se que a massagem melhore a circulação, relaxe a musculatura, produza sensação de conforto e afeto aliviando a tensão psíquica.
A técnica pode ser utilizada em doentes com dor, acamados, ansiosos com distúrbios de sono ou tendência a isolamento. Não deve ser utilizada em áreas com lesão de pele, óssea ou se causar dor. Utiliza-se movimentos de deslizamento, amassamento, fricção, percussão, compressão e vibração, com o auxílio de óleos e cremes.

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