O que é a Prostatite?

A prostatite é uma doença que envolve inflamação da próstata e, por vezes, da área ao seu redor.

Há tipos de prostatite, cada um com uma variedade de sintomas. Alguns pacientes apresentam dor intensa e outros não sentem nada; a maioria dos casos se classifica entre esses dois extremos. Os sintomas da doença costumam ter, todavia, um impacto significante na qualidade de vida do homem por ela acometido.

Quais os diferentes tipos de prostatite e quais as suas causas?

Prostatite bacteriana aguda: é o tipo menos comum, mas é o mais facilmente diagnosticado. Geralmente é causado por uma infecção bacteriana de início súbito e, como tem sinais e sintomas típicos, é facilmente reconhecida. É uma infecção do trato urinário grave que se associa a febres e calafrios, sendo necessário procurar atendimento médico com urgência. A prostatite bacteriana aguda pode acometer homens de qualquer faixa etária. Os sintomas incluem dor ao urinar, dificuldade em esvaziar a bexiga (jato urinário fraco, por exemplo), febre, calafrios, dor lombar, abdominal ou pélvica.

Prostatite bacteriana crônica: é semelhante à prostatite bacteriana aguda, mas os sintomas surgem gradualmente e são menos intensos. Essa prostatite pode levar a infecções do trato urinário recorrentes em homens e também pode acometer homens de qualquer faixa etária, mas é mais comum nos jovens e na meia-idade.

Prostatite crônica / síndrome da dor pélvica crônica / prostatite não bacteriana / prostatodinia: é o tipo mais comum de prostatite. A causa exata dessa prostatite não bacteriana é desconhecida. Algumas teorias atribuem sua origem a infecção persistente, inflamação ou espasmos da musculatura pélvica. Apesar de a inflamação prostática poder ocorrer sem sintomas, quando eles ocorrem eles incluem dor pélvica e genital, dificuldade ou dor ao urinar e dor durante ou após a ejaculação.

Prostatite inflamatória assintomática: são homens com prostatite, mas que não apresentam qualquer sintoma, apesar de haver uma inflamação na próstata. O diagnóstico se dá quando o paciente é avaliado por outros sintomas não relacionados à prostatite. Nesses casos a evidência da prostatite surge em tecido biopsiado, sêmen, urina ou liquido prostático.

O que causa a prostatite?

Aa causas diretas da prostatite não são completamente compreendidas pela comunidade médica. Há, entretanto, algumas teorias aceitas. Alguns casos de prostatite estão nitidamente relacionados às infecções bacterianas. Essas infecções se originam do refluxo de urina infectada da uretra para os ductos prostáticos. A prostatite bacteriana não é contagiosa e não é uma doença sexualmente transmissível.

Algumas doenças ou procedimentos médicos aumentam o risco de adquirir uma prostatite bacteriana. Há risco aumentado após qualquer instrumento ser inserido na uretra (inclusive um cateter vesical), após uma infecção urinária e em pacientes com anormalidades em seu trato urinário.

A prostatite crônica / síndrome da dor pélvica crônica pode ser causada por micróbios atípicos como a clamídia, o mycoplasma, o ureaplasma ou também pode ser consequência de uma reação química ou imunológica a uma lesão inicial ou infecção prévia. Os nervos e músculos da pelve podem causar dor, seja como resposta à infecção prostática, seja por inflamação ou outro problema diferente.

Quais são os sintomas da prostatite?

Os sintomas dependem do tipo de infecção prostática que acomete o paciente. Frequentemente os homens não apresentam quaisquer sintomas, enquanto outros têm sintomas semelhantes a uma infecção urinária. É importante ser avaliado por um urologista para que se determine se o paciente desenvolveu uma prostatite e, em caso afirmativo, qual é o tipo, para que se possa instituir o tratamento adequado.

A prostatite bacteriana aguda causa sintomas intensos e de início súbito que podem levar o paciente a procurar atendimento em um pronto-socorro. Sintomas comuns incluem febre, calafrios, ardência ao urinar e dificuldade em esvaziar a bexiga.

A prostatite bacteriana crônica leva a sintomas semelhantes à prostatite aguda, com exceção da febre. Os pacientes se queixam de ardência ao urinar; micções (o ato de urinar) frequentes com intervalo curto entre as mesmas, principalmente à noite; dor perineal, testicular, pélvica e abdominal; e dor ao ejacular. A doença pode ser episódica, com surtos e remissões (o paciente melhora e piora sem tratamento). Também pode melhorar com tratamento e apresentar recorrência após um intervalo variável.

Os sintomas da prostatite crônica / síndrome da dor pélvica crônica são dor e dificuldade em urinar, desconforto ou dor no períneo, pelve, testículos e pênis, além de dor ao ejacular. Em alguns casos esses sintomas podem ser indistinguíveis dos sintomas da prostatite bacteriana crônica.

Como se diagnostica a prostatite?

O diagnóstico correto é importante, pois o tratamento é diferente para os diversos tipos de prostatite. Além disso, é importante excluir outras doenças que podem causar sintomas semelhantes, como a uretrite, cistite, hiperplasia prostática ou câncer. Para um diagnostico correto, alguns exames são úteis.

Uma das ferramentas utilizadas pelos médicos é o questionário de sintomas da prostatite crônica.

Esse questionário consiste em uma série de perguntas sobre os sintomas da prostatite e o quanto eles incomodam o paciente. Preencher o questionário e entregá-lo ao seu medico ajuda o paciente a participar de seu tratamento. A maior utilidade do questionário é comparar as respostas antes e após o tratamento para ajudar a determinar a eficácia deste.

Além do preenchimento do questionário, seu médico pode proceder ao exame físico. Para examinar a próstata, ele fará o toque retal. O toque retal é um exame simples no qual o médico insere o dedo, devidamente lubrificado e protegido por uma luva, no reto. A próstata se localiza logo à frente do reto e abaixo da bexiga. Por isso, o toque retal permite ao médico palpar a próstata e detectar alterações em sua consistência ou nódulos, por exemplo.

Pelo toque retal, o urologista pode determinar se a próstata tem volume aumentado ou é dolorosa. Nódulos ou áreas endurecidas sugerem a presença de câncer de próstata.  Também é possível avaliar o grau de dor ou desconforto do paciente quando se pressionam os músculos do assoalho pélvico e períneo. Nos pacientes com prostatite, o toque retal pode causar dor momentânea ou desconforto, mas ele não causa danos ou dor prolongada.

Se o médico decidir que é necessário estudar melhor a próstata, ele pode solicitar uma ultrassonografia transretal, que o permite visualizar a próstata. Se você se enquadrar no grupo de risco para câncer de próstata, seu médico pode solicitar o PSA, mas quando há uma infecção prostática, o PSA pode se encontrar falsamente elevado (isso é, o PSA está elevado, mas não há câncer).

Se o médico suspeitar que você tenha uma prostatite ou outra doença prostática, ele pode encaminhá-lo a um urologista, um médico especialista em doenças do trato urinário e do sistema reprodutor masculino.

O urologista vai repetir alguns exames diagnósticos já realizados pelo primeiro médico e também vai avaliar o grau de desconforto ou de dor que o paciente apresenta quando se pressiona sua próstata. O urologista pode solicitar várias amostras de urina assim como uma amostra de liquido prostático obtida pela massagem prostática. A urina e o liquido prostático serão analisados em busca de sinais de infecção e inflamação. Essas amostras podem auxiliar o urologista a determinar se o seu problema é infeccioso ou inflamatório e se o problema se localiza na uretra, na bexiga ou na próstata. Outros médicos podem solicitar exames de sangue ou de sêmen. Eles também estarão procurando micróbios, glóbulos brancos (ou leucócitos) ou outros sinais de infecção.

Outros testes que podem ser necessários incluem a cistoscopia, um exame no qual o médico introduz uma fibra óptica pela uretra até atingir a bexiga e que permite examinar a porção interna da bexiga, uretra e próstata. Também se pode solicitar uma urofluxometria, que avalia a força do jato urinário e pode detectar qualquer obstrução ao jato pela próstata ou pela uretra.

Como se trata a prostatite?

O tratamento da prostatite depende do tipo de infecção que se diagnosticou.

Na prostatite bacteriana aguda, será necessário o uso de antibióticos por 14 a 28 dias. Às vezes o paciente necessita ser internado e receber antibióticos pela via venosa. Quase todas as infecções agudas se curam desta forma. Se o paciente não melhorar com esse tratamento inicial, pode ser necessário trocar o antibiótico.

Quando fizer uso de antibióticos é importante seguir as orientações médicas. Não pare de tomar os remédios antes do previsto apenas porque os sintomas desapareceram.

Se a prostatite crônica for diagnosticada, o paciente vai necessitar tomar antibióticos por um período maior, geralmente de 4 a 12 semanas. Cerca de 75% dos casos de prostatite crônica bacteriana são curados com esse tratamento. Por vezes os sintomas retornam (por uma recidiva da doença) sendo necessário o uso de antibióticos novamente. Para os casos que não respondem ao tratamento inicial, recomenda-se o uso de antibióticos e de outras drogas por longos períodos, com objetivo de aliviar os sintomas. A cirurgia pode ser indicada, mas é uma medida de exceção, deve haver algum fator adicional, como uma estenose de uretra, para que haja melhora do quadro após a cirurgia.

Caso o paciente seja diagnosticado como portador da síndrome da dor pélvica crônica, o antibiótico pode não ser necessário. É frequente a dificuldade em diferenciar a prostatite bacteriana da não bacteriana. Por isso, pode-se prescrever o antibiótico inicialmente mesmo sem um diagnóstico definitivo de prostatite bacteriana. A resposta do paciente ao tratamento com antibiótico definirá se o tratamento será ou não mantido. Muitos pacientes sem infecção se sentem melhor com o uso de antibióticos, pois alguns antibióticos têm efeito anti-inflamatório. Dependendo dos sintomas, podem-se prescrever outros tratamentos. Um possível tratamento são os alfa-bloqueadores, que fazem com que os músculos ao redor da próstata e base da bexiga relaxem, aliviando espasmos ou rigidez muscular que podem contribuir com a dor ao urinar. Além disso, podem-se utilizar drogas anti-inflamatórias, relaxantes musculares e fitoterápicos. Finalmente podem-se fazer massagens prostáticas frequentes para drenar o fluido que causa pressão na próstata.

Banhos de assento com água morna e outros tratamentos com calor (como compressa quente) aliviam o desconforto associado à infecção. Se o desconforto ao se sentar se tornar muito acentuado, recomenda-se o uso de uma almofada. Exercícios de biofeedback e relaxamento também podem ajudar a aliviar alguns sintomas. Pode ser aconselhável evitar alguns alimentos (como os picantes e apimentados) e algumas bebidas (como as ricas em cafeína e as muito ácidas), além de hábitos que piorem o problema (andar de bicicleta, por exemplo).

Perguntas frequentes:

Há relação entre a prostatite e o câncer de próstata?

Não.  A prostatite não está associada ao câncer prostático. Apesar de a inflamação da próstata poder aumentar os níveis de PSA no sangue, ter uma prostatite não é um sinal de câncer prostático nem resulta em maior risco de vir a apresentar o câncer no futuro.

Porque os médicos têm dificuldade em diagnosticar a prostatite?

O diagnóstico dos vários tipos de prostatite pode ser muito difícil e, por vezes, frustrante, tanto para o paciente quanto para seu médico. Os sintomas são variáveis e muito semelhantes entre os tipos de prostatite. Uma vez que o paciente tenha sido tratado com antibióticos, pode ser muito difícil diferenciar uma prostatite bacteriana da síndrome da dor pélvica crônica.

Como a prostatite vai afetar o paciente?

A prostatite pode ter um efeito importante na qualidade de vida do paciente. O diagnóstico correto da prostatite é difícil e nem sempre se consegue curá-la. A prostatite é, contudo, uma doença controlável e o paciente pode obter alívio dos sintomas mais importantes seguindo o tratamento recomendado.

A infecção urinária (ITU) de minha parceira causou minha prostatite?

A prostatite bacteriana não é contagiosa. Há ainda muito que se aprender sobre a prostatite não bacteriana, podendo haver múltiplas causas para ela. Alguns casos podem ser secundários à infecção por Clamídia, um micróbio que pode ser transmitido pela relação sexual, mas nunca se estabeleceu uma relação entre a prostatite e infecção urinária no parceiro.

Por que alguns pacientes não se curam após terem o diagnóstico de prostatite?

A maior parte dos casos de prostatite aguda bacteriana responde completamente ao tratamento. Infelizmente, o tratamento da prostatite crônica bacteriana está longe de ser perfeito. Os pacientes com prostatite crônica bacteriana podem persistir com seus sintomas, apesar do uso de antibióticos. Isso acontece pela dificuldade dos antibióticos em penetrar a glândula prostática e atingir os micróbios. As massagens prostáticas frequentes e o uso de alfa-bloqueadores podem ser úteis nesses casos. Os pacientes que apresentaram prostatite crônica bacteriana e estão curados estão susceptíveis a recorrência. Muitos pacientes com prostatite crônica ou dor pélvica crônica não se curam apesar do tratamento correto. O médico pode utilizar tratamentos combinados, mas mesmo assim o paciente pode ter que aprender a conviver com os sintomas e torcer para que a inflamação se resolva espontaneamente.

Quais os fatos mais importantes sobre a prostatite?

• O diagnóstico correto é a chave para o tratamento eficaz.

• A prostatite nem sempre pode ser curada, mas é possível combater os sintomas.

• O paciente deve manter acompanhamento mesmo que haja resolução dos sintomas.

• Os pacientes com prostatite não apresentam risco aumentado de desenvolver câncer na próstata.

• Não há motivos para se parar de ter relações sexuais, exceto se houver desconforto, o que geralmente ocorre na fase aguda.

• Pode-se ter uma vida razoavelmente normal com a prostatite.

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