Medicamentos antiarrítmicos

Medicamentos antiarrítmicos

Atualizado em 10/05/2023 às 10:14

Os medicamentos antiarrítmicos são usados para tratar distúrbios do ritmo cardíaco, também conhecidos como arritmias. As arritmias ocorrem quando o coração bate muito rápido, muito devagar ou de maneira irregular.

Os medicamentos antiarrítmicos agem, modificando as propriedades elétricas do coração, para controlar a frequência e o ritmo dos batimentos cardíacos. Eles atuam alterando a condução de impulsos elétricos através do coração, responsáveis pela contração e relaxamento das câmaras do coração (os átrios e ventrículos).

Classes de medicamentos antiarrítmicos

Existem várias classes de medicamentos antiarrítmicos, sendo classificadas de acordo com seu mecanismo de ação. A classificação mais comum é a Classificação de Vaughan Williams, que divide os medicamentos antiarrítmicos em cinco classes:

  • Classe I: Bloqueadores dos canais de sódio (exemplos: lidocaína, quinidina, disopiramida, flecainida)
  • Classe II: Beta-bloqueadores (exemplos: propranolol, metoprolol, atenolol)
  • Classe III: Bloqueadores dos canais de potássio (exemplos: amiodarona, sotalol, dofetilida)
  • Classe IV: Bloqueadores dos canais de cálcio (exemplos: verapamil, diltiazem)
  • Classe V: Outros antiarrítmicos com mecanismos de ação diferentes (exemplos: adenosina, digoxina)

Cada classe de medicamento funciona de maneira ligeiramente diferente e pode ser mais eficaz para tratar certos tipos de arritmias.

Os medicamentos antiarrítmicos, como todos os medicamentos, podem ter efeitos colaterais. Alguns dos mais comuns incluem tontura, fadiga, falta de ar, batimentos cardíacos lentos e, em alguns casos, podem até causar ou agravar arritmias. Portanto, seu uso deve ser cuidadosamente monitorado por um profissional de saúde.

Os enfermeiros e técnicos de enfermagem desempenham um papel importante no cuidado de pacientes que usam esses medicamentos, que inclui monitorar o ritmo e a frequência cardíaca, avaliar os possíveis efeitos colaterais e educar o paciente sobre o uso adequado do medicamento.

Lista de alguns medicamentos antiarrítmicos

Abaixo está uma lista de alguns medicamentos antiarrítmicos comumente usados, incluindo o nome do princípio ativo e algumas das marcas mais conhecidas no Brasil:

  1. Amiodarona – Amiodar, Miodaron
  2. Sotalol – Sotacor, Sotalol Germed, Sotalol Medley
  3. Dofetilida – Tikosyn (Não disponível no Brasil)
  4. Lidocaína – Xylestesin, Lidoject
  5. Quinidina – (Não disponível no Brasil)
  6. Disopiramida – Norpace (Não disponível no Brasil)
  7. Flecainida – Algofren, Flecaïne
  8. Propranolol – Propranolol EMS, Propranolol Medley, Propranolol Nova Química
  9. Metoprolol – Selozok, Metoprolol EMS, Metoprolol Medley
  10. Atenolol – Atenolol EMS, Atenolol Germed, Atenolol Medley
  11. Verapamil – Verapamil EMS, Verapamil Germed, Verapamil Medley
  12. Diltiazem – Cardizem, Dilacoron, Diltiazem Medley
  13. Adenosina – Adenocard, Adenoscan (Não disponíveis no Brasil)
  14. Digoxina – Digoxina Sandoz, Digoxina EMS, Lanoxin

Essa lista não é exaustiva e a disponibilidade dos medicamentos pode variar. Além disso, é importante lembrar que todos os medicamentos devem ser usados sob a supervisão de um profissional de saúde.

Cuidados de enfermagem sobre o uso dos medicamentos antiarrítmicos

Os medicamentos antiarrítmicos são usados para regular o ritmo cardíaco e são essenciais para o manejo de várias condições cardíacas. No entanto, eles podem ter efeitos colaterais significativos e requerem monitoramento cuidadoso. Aqui estão alguns cuidados de enfermagem importantes relacionados ao uso de medicamentos antiarrítmicos:

  1. Monitoramento de sinais vitais e ECG: A equipe de enfermagem deve monitorar de perto os sinais vitais do paciente, incluindo frequência cardíaca e pressão arterial, e observar qualquer alteração no ECG. Alterações na frequência cardíaca ou no ritmo podem indicar que o medicamento não está funcionando adequadamente ou que o paciente está experimentando um efeito colateral.
  2. Avaliação de sintomas: Os pacientes devem ser avaliados regularmente para possíveis efeitos colaterais dos medicamentos antiarrítmicos, que podem incluir tontura, fadiga, falta de ar, dor no peito e edema.
  3. Educação do paciente: Os pacientes devem ser informados sobre a importância de tomar o medicamento conforme a prescrição e não interromper o uso abruptamente. Eles também devem ser instruídos a relatar imediatamente quaisquer sintomas novos ou agravantes.
  4. Monitoramento de exames laboratoriais: Alguns medicamentos antiarrítmicos podem afetar a função hepática e renal, portanto, os níveis de enzimas hepáticas e a função renal devem ser monitorados regularmente.
  5. Verificação de interações medicamentosas: Muitos medicamentos antiarrítmicos têm interações significativas com outros medicamentos. A equipe de enfermagem deve revisar todos os medicamentos que o paciente está tomando para identificar possíveis interações.
  6. Administração correta do medicamento: A equipe de enfermagem deve garantir que o medicamento seja administrado corretamente, de acordo com as instruções do médico. Isso pode incluir instruções para tomar o medicamento com alimentos ou evitar certos alimentos ou bebidas.
  7. Monitoramento de mudanças no estado de saúde: Qualquer mudança no estado de saúde do paciente, como novas condições médicas ou procedimentos cirúrgicos, deve ser comunicada ao médico, pois pode ser necessário ajustar a dose do medicamento.

Esses são cuidados gerais que devem ser adaptados às necessidades individuais de cada paciente. Sempre siga as políticas e procedimentos específicos do seu local de trabalho.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à amiodarona:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Nos casos de administração por via endovenosa, diluir em solução fisiológica 0,9% ou em solução glicosada 5%.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de tontura.

O medicamento atropina é indicado nos casos de intoxicação por inseticidas organofosforados, intoxicação por inibidores de colinesterase e bradicardia sinusal. Promove a inibição de secreção salivar, de secreção brônquica e da sudorese, dilata as pupilas e aumenta a frequência cardíaca. Em doses elevadas, pode diminuir a motilidade gastrointestinal e urinária, assim como inibir a secreção de ácido estomacal.

A atropina pode ser administrada pelas vias endovenosa, intramuscular ou subcutânea. O paciente em uso de atropina pode apresentar, como efeitos colaterais: agitação, alucinação, angina, ataxia, aumento da temperatura corporal, aumento da frequência cardíaca, confusão mental, constipação intestinal, desorientação, cefaleia, excitação, insônia, náuseas, palpitação, retenção urinária, sede, sensibilidade à luz, tontura e êmese.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à atropina:

  • Atentar para a via de administração e a dosagem prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de desorientação.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento propanolol tem ação antiarrítmica, anti-hipertensiva e ansiolítica. É indicado nos casos de angina pectoris, enxaqueca, arritmia, hipertensão arterial e ansiedade. Pode ser administrado por via oral (cápsula e comprimido) ou endovenosa.

Os pacientes em uso de propanolol podem apresentar, como efeitos colaterais: ansiedade, nervosismo, fraqueza, congestão nasal, constipação ou diarreia, diminuição da habilidade sexual, bradicardia, constrição brônquica, insuficiência cardíaca congestiva, náuseas, êmese, sonolência e hipotensão ortostática.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto ao propanolol:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente sobre o risco de dirigir e de operar má- quinas, devido ao risco de sonolência.
  • Nos casos de administração por via endovenosa, controlar a velocidade de infusão.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento digoxina é antiarrítmico, cardiotônico, inotrópico e digital. É indicado nos casos de insuficiência cardíaca congestiva, taquicardia atrioventricular paroxística e fibrilação atrial. Sua administração é por via oral (comprimido, elixir e solução).

Os pacientes em uso de digoxina podem apresentar, como efeitos co- laterais: agitação, arritmia cardíaca, aumento da intensidade da insuficiên- cia cardíaca congestiva, cefaleia, fadiga, diminuição de apetite, náusea, parestesia, queda de pressão arterial, tontura e êmese. Esses sinais e sin- tomas são característicos de intoxicação digitálica, que ocorre pois a dose terapêutica é muito próxima à dose tóxica.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à digoxina:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de tontura.
  • Verificar a frequência cardíaca do paciente antes da administração do medicamento.
  • Em casos de bradicardia, não administrar o medicamento e comunicar o médico.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento lidocaína é indicado no tratamento de taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e extrassístoles sintomáticas. Como antiarrítmico, a lidocaína é administrada apenas por via endovenosa.

O paciente em uso de lidocaína raramente apresenta efeitos colaterais, mas os casos em que eles ocorrem podem referir ansiedade, nervosismo, sensação de calor ou de frio, dormência, reações alérgicas e tontura.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à lidocaína:

  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de tontura.
  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem, a via de administração e a concentração (1% ou 2%) prescritas pelo médico.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento quinidina é indicado nos casos de arritmia ventricular, fibrilação atrial e flutter atrial. Sua administração é por via oral.

Os pacientes em uso de quinidina podem apresentar, como efeitos colaterais: diarreia, náuseas, êmese, dor abdominal, cefaleia, vertigem, zumbidos, delírio, desorientação, anemia hemolítica, urticária, fotossensibilização e dermatite.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à quinidina:

  • Atentar para a forma de apresentação e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de vertigem.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento procainamida é indicado nos casos de arritmia ventricular ou supraventricular. Pode ser administrado por via oral, intramuscular ou endovenosa.

O paciente em uso de procainamida pode apresentar, como efeitos colaterais: náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, rush cutâneo, confusão mental, hipotensão, choque e alargamento do complexo QRS (traçado elétrico cardíaco).

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à procainamida:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de hipotensão.
  • Manter o paciente em monitorização cardíaca, com atenção especial ao traçado do complexo QRS.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento deslanosídeo tem ações antiarrítmica e digitálica, sendo indicado nos casos de insuficiência cardíaca congestiva aguda ou crônica, taquicardia paroxística ou supraventricular. Sua administração é por via endovenosa.

O paciente em uso de deslanosídeo pode apresentar, como efeitos colaterais: náuseas, vômito, fraqueza, apatia, diarreia, confusão, desorientação, distúrbios visuais e anorexia.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto à deslanosídeo:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de desorientação.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.

O medicamento verapamil é antiarrítmico, antianginoso e anti-hipertensivo. É indicado nos casos de hipertensão arterial, angina do peito crônica estável e taquicardia supraventricular. Pode ser administrado por via oral ou endovenosa.

O paciente em uso de verapamil pode apresentar, como efeitos colaterais: constipação, confusão mental, vertigem, fraqueza, nervosismo, prurido, hipotensão, cefaleia, bradicardia, náuseas, desconforto gástrico e aumento da transaminase.

Cuidados específicos por parte da enfermagem quanto ao verapamil:

  • Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
  • Orientar o paciente a não deixar o leito sem auxílio da enfermagem, devido ao risco de vertigem.
  • A administração endovenosa da dosagem de manutenção deve ser feita com o uso de bomba de infusão contínua.
  • Nos casos de administração por via endovenosa, manter o paciente sob monitorização eletrocardiográfica.
  • Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais provocados pelo medicamento. Em casos graves, pode-se utilizar cálcio in bolus para a sua reversão.
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