Quais Medicamentos Colocamos no Carro de Emergência?

Quais Medicamentos Colocamos no Carro de Emergência?

Atualizado em 10/05/2023 às 11:22

Profissionais de saúde devem estar preparados para atender, de forma sistematizada e padronizada, uma situação de emergência. 

Para que isso ocorra, o treinamento da equipe é fundamental, e todo o material necessário para esse momento deve estar disponível de forma imediata. 

Recomendações Impostantes

  • Os medicamentos e materiais com prazo de validade a vencer até 3 meses deverão ser substituídos;
  • É recomendado que os materiais de oxigenação submetidos à desinfecção de alto nível (exemplos: bolsa máscara ventilatória -AMBU; umidificador e máscaras de oxigênio) fiquem em uma caixa específica situada sobre o carro de emergência, pelo fato de possuírem um prazo de 15 dias de validade;
  • O modo de teste funcional do desfibrilador variará de acordo com a marca do equipamento. Seguir as recomendações do fabricante. O desfibrilador deverá estar conectado à rede elétrica, continua-mente;
  • O teste funcional do laringoscópio deverá considerar: lâmpada com boa iluminação; ajuste perfeito do cabo e da lâmina e limpeza;
  • A quantidade de laringoscópios e o tipo (reta ou curva) e a numeração de sua lâmina (0 /1 /2 /3/ 4) variarão de acordo com a faixa etária da clientela atendida e com a complexidade do cuidado da unidade;
  • A limpeza e desinfecção concorrente/terminal do carro de emergência e do desfibrilador (carcaça, cabos, pás e monitor) deverão ser realizadas com compressa úmida bem torcida com pouco sabão neutro (limpeza), seguido de compressa úmida bem torcida (remoção do sabão e resíduos), finalizando com compressa limpa embebida em álcool 70% (desinfecção), exceto no visor do monitor. Observação: Equipamento sensível à umidade e à produtos corrosivos;
  • A desinfecção concorrente do laringoscópio (diária) deverá ser realizada com compressa embebida com álcool 70%, concomitantemente, a sua testagem funcional;
  • Os laringoscópios testados e desinfetados deverão ser armazenados em uma caixa limpa e seca, situ-ada sobre a base superior do carro de emergência.
  • Os registros de controle e testagem do carro de emergência e de seus componentes acessórios deverão ser feitos em impressos específicos;
  • A listagem dos itens (descrição e quantidade dos medicamentos e materiais) presentes no carro de emergência, assim como os impressos de controle e testagem, deverão estar em uma pasta, localizada em sua base superior.
  • Cada item retirado e reposto do carro de emergência (materiais e medicamentos) deverá ser registrado em formulário específico;
  • A limpeza e desinfecção terminal do carro de emergência e de seus componentes acessórios deverão ocorrer logo ao término do atendimento;
  • A limpeza e desinfecção do laringoscópio contaminado deverá seguir os passos do Procedimento Operacional Padrão “Limpeza e desinfecção do laringoscópio”.

Segue uma sugestão de carrinho de emergência em adultos 

JUNTO AO CARRINHO DEVE TER: 

  • Tábua de compressão torácica
  • Desfibrilador
  • Monitor 

1ª GAVETA 

Medicamentos mais utilizados em situações de emergências clínicas. 

Para diluição:
– ABD Ampola com 5ml;
– ABD Ampola com 10ml;
– Cloreto de sódio – ampola de 10ml a 20%.

Aminofilina – Ampola de 10 ml com 240mg (24mg/ml).

Ação: Dilatação dos brônquios e dos vasos pulmonares, através do relaxamento da musculatura lisa; Dilatação das artérias coronárias e aumento do débito cardíaco e da diurese; Estímulo do centro respiratório.

Diluir em SF 0,9% ou SG 5%.
Administração intravenosa lenta (10 a 20 min).
Não misturar ou infundir no mesmo acesso venoso: Adrenalina, cálcio, dobutamina, dopamina, fenitoína, prometazina, meperidina, morfina, cefalosporinas em geral.

Atropina – Ampola de 1 ml com 0,5mg.

Ação: Parassimpaticolítico: aumenta a freqüência cardíaca; Broncodilatação; Midríase; Redução de salivação; Antídoto na intoxicação por organofosforados.
Dose máxima em adultos: 2mg/dose.
Administração intravenosa: Pode ser feita sem diluir e em bólus rápido.
Administração endotraqueal: diluir para 3 a 5ml em soro fisiológico.

Bicarbonato de sódio – Ampola de 10ml a 8,4%.

Indicação: Acidose metabólica; Hipercalemia; Hipermagnesemia; Intoxicações por antidepressivos tricíclicos, cocaína ou bloqueadores dos canais de cálcio.
Na emergência: Diluir a ampola a 1:1 com ABD e administrar a dose em, no mínimo, 2 minutos, direto na veia.
Fora das emergências: Correr em 1-2 horas em bomba de infusão.
Lavar o acesso venoso com 3 a 5ml de SF imediatamente antes e imediatamente depois da administração em bólus.
Acesso venoso exclusivo.

Cloreto de potássio (KCl)‏ –  Ampola de 10 ml a 10%.

Indicação: Reposição e prevenção de deficiência.
Deve ser diluído antes de administrar.

Diazepam Ampola de 1 ml com 10 mg;  Ampola de 2 ml com 10 mg.

Ação: Sedativo de ação longa (sem efeito analgésico); Ansiolítico; Anticonvulsivante; Miorelaxante esquelético.
Administrar em Bólus ou EV contínua;
Não se administra IM em caso de emergência, a mesmo que seja para manutenção;
Não misturar com nenhuma droga na mesma seringa;
Na infusão contínua, trocar a solução de 4/4h;
Não infundir junto com adrenalina, bicarbonato, dexametasona, dobutamina, fentanil, furosemida, heparina, hidrocortisona, isoproterenol, lidocaína, meperidina, vitaminas.
EV: ter material de suporte ventilatório.

Dopamina / Revivan –  Ampola de 10 ml com 50mg (5mg/ml).

Catecolamina endógena;
Ação: Inotrópica; Vasoconstritora sistêmica (pressora em doses altas);
Vasodilatadora renal (em doses baixas).
Geralmente usada diluindo-se uma ampola de 10ml com 5mg/ml em 240ml de SGI.
Paciente de 60 kg: infusão de 60 gotas/minuto = 180 ml/hora.
Pode ser misturada na mesma solução com dobutamina, adrenalina, noradrenalina, lidocaína, vecurônio ou atracurônio.
Não infundir junto com bicarbonato.

Epinefrina / Adrenalina – Ampola 1mg/1ml.

Ação: Inotrópico (aumenta a contratilidade miocárdica); Cronotrópico (aumenta a freqüência cardíaca); Aumenta a resistência vascular periférica; Aumenta a PA (melhorando a perfusão coronariana). EV: 1 ampola por dose a cada 3 minutos.
Preferencialmente em veia central em acesso exclusivo;
Não associar com bicarbonato na mesma via.

Hidantal / Fenitoína sódica – Ampola de 5ml a 5% (50mg/ml).

Ação: Anticonvulsivante; Antiarrítmico.
Não infundir junto com glicose, amicacina, aminofilina, bicarbonato, dobutamina, cálcio, heparina, hidrocortisona, lidocaína, morfina.
Diluir em SF para 1 a 10mg/ml para evitar flebite;
Infundir em 20 a 30 minutos;
Após a infusão, lavar equipo e cateter com SF;
Usar em 1 hora após diluição.

Amiodarona / Ancoron – Ampola de 3 ml com 150mg (50mg/ml).

Ação: Antiarrítmico.
EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo (devido a liberação de substância tóxica em contato com plásticos).
Não misturar ou infundir no mesmo acesso:
Aminofilina, Bicarbonato de sódio, cefazolina, cloreto de sódio e heparina.

Fentanil – Frasco de 10 ml com 0,0785 mg/ml.

Ação:
Analgésico opióide 100 vezes mais potente que a morfina.
EV: bólus lento (3 minutos). Injeção muito rápida pode provocar rigidez torácica e muscular, broncoconstrição ou laringoespasmo.
Não misturar na mesma seringa ou na mesma linha com fenobarbital ou pentobarbital.

Gardenal / Fenobarbital – Ampola de 1 ml com 200mg.

Indicação: Profilaxia e tratamento das crises tônico-clônicas generalizadas, crises parciais simples.
EV: infusão lenta (1mg/kg/min);
Diluir em qualquer tipo de soro.
Verificar se a apresentação é para uso EV.

Furosemida / Lasix – Ampola de 2ml com 20mg (10mg/ml).

Diurético de alça.
Indicações: ICC; Hipertensão; Hipervolemia; Edema por insuficiência renal.
EV sem diluir ou diluída a 1mg/ml.
Não misturar com cálcio, cefalosporinas, dopamina, dobutamina, hidrocortisona, gentamicina, midazolan, morfina.

Prometazina / Fenergan – Ampola de 2 ml com 50mg.

Ação: Anti-histamínico H1 com ação antialérgica, antivertiginoso, antiemético e sedativo hipnótico;
Uso EV: infundir sem diluir em 3 minutos sem deixar extravasar (necrose de subcutâneo). Injeção acidental em artéria causa lesão grave na extremidade.

Cedilanide / Lanatosídeo C – Ampola de 2ml (0,2 mg/ml).

Digitálico de ação curta; Uso EV.

Sulfato de magnésio –  Ampola de 10ml a 50%.

Anticonvulsivante;
Uso EV ou IM.

Hidrocortisona / Solu-cortef – Frasco-ampola com 500mg + diluente (2ml).

Ação: Glicocorticóide. Usado na asma grave, reposição hormonal na insuficiência supra renal e doenças inflamatórias;
Uso EV;
Não esquecer de realizar desinfecção na tampa com fricções de álcool 70%.

Heparina / Liquemine –  Frasco 5 ml; Ampola de 0,25ml com 500UI.

Anticoagulante; Uso subcutâneo: recomenda-se não aspirar e não massagear o local da aplicação para evitar trauma do tecido.

Midazolan / Dormonid – Ampola de 3 ml com 15mg. Ampola de 1 ml com 5mg.

Agente indutor do sono, sedativo e anticonvulsivante;
Uso EV contínua (bomba de infusão) ou bólus lento em 2 a 3 min; pode ser IM quando o paciente estiver sem acesso venoso.

Haldol / Haloperidol – Ampola de 1ml com 5mg.

Antipsicótico, neuroléptico incisivo;
Uso IM ou EV lenta.

Adalat / Nifedipina – Cápsula sublingual 10mg – Anti-hipertensivo e antiarrítmico;

Uso sublingual: Deve-se furar a cápsula, colocar na boca e morder devagar para expelir o conteúdo, deixá-la debaixo da língua e depois engolir.

Isordil – Cápsula sublingual 10mg.

Vasodilatador coronariano;
Uso sublingual: não mastigar.

Gluconato de cálcio – Frasco-ampola com 10ml a 10% (100mg/ml).

Na parada cardiorespiratória tem importância secundária e deve ser usado só nos casos com hipocalcemia.
Uso EV por bólus: deve ser lenta no máximo de 0,5ml/min;
Não deve ser infundido ou diluído com bicarbonato, pois precipita. Lavar com soro fisiológico a via antes e depois de se infundir;
Se infiltrar provoca esclerose da veia e necrose tecidual.

Glicose hipertônica – Ampola de 20ml a 50%.

A glicose é importante na reanimação e nas emergências como choque, parada cardíaca, coma e insuficiência respiratória grave e durante convulsões;
É preferencial que seja realizada uma glicemia capilar antes de se administrar a glicose.
Uso EV por bólus: diluir a glicose em igual volume de ABD;
O uso de soluções acima de 25% em bólus ou de 12,5% em infusão contínua por tempo prolongado pode levar a esclerose e trombose de veias.

Cloridrato de lidocaína / Xylocaína – Anestésico local.

Antiarrítmico. 

2ª GAVETA 

Agulhas 25 x 7
Agulhas 40 x 12
Jelco nº 20
Jelco nº 18
Jelco nº 22
Cateteres Subclávia nº 16
Equipo Macrogotas
Equipo Microgotas
Sonda Uretral nº 8
Sonda Uretral nº 12
Sonda Uretral nº 16
Sonda Nasogástrica nº 12
Sonda Nasogástrica nº 16
Lâmina de Bisturi
Naylon 3,0 com agulha
Scalp nº 19
Scalp nº 21
Scalp nº 23
Seringa 1 ml
Seringa 3 ml
Seringa 5 ml
Seringa 10 ml
Seringa 20 ml
Three Way
Xilocaína Geléia 

3ª GAVETA 

Bicarbonato de Sódio 5%
Eletrodos
Luvas Cirúrgicas nº 7,5
Luvas Cirúrgicas nº 8,0
Soro Glicosado 5% 250ml
Soro Glicosado 5% 500ml
Soro Fisiológico 0,9% 250ml
Soro Fisiológico 0,9% 500ml
Tubo nº 7,0
Tubo nº 7,5
Tubo nº 8,0
Tubo nº 8,5
Tubo nº 9,0 

4ª GAVETA 

Ambu
Cânula de Guedel
Guia de tubo
Lâmina para Laringo (Nº 2, 3 e 4)‏
Laringoscópio
Látex
Máscara de Hudson
Óculos Protetor
Umidificador

Fonte(s):

PEDROSO, E.R.P.; OLIVEIRA, R.G. Blackbook Clínica Médica: medicamentos e rotinas médicas. 1ª ed. Belo Horizonte: Blackbook Editora, 2007.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz de Apoio ao Suporte Avançado de Vida em Cardiologia 

Gostou? Envie para seus amigos. 🙂

5 comments

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *