Oximetria de Pulso

Oximetria de Pulso

Atualizado em 06/02/2022 às 03:23

A oximetria de pulso é um procedimento presente em quase todos os setores do hospital e vem sendo implementada como exame complementar à várias avaliações clínicas.

A oximetria de pulso arterial (OPA) fornece informações de relevância clínica sobre a saturação de oxigênio carreado pelas hemoglobinas presentes no sangue arterial e permite analisar a amplitude e a frequência de pulso, tanto na fase de repouso como de atividade, de indivíduos de qualquer faixa etária, em instituições de saúde, no cuidado domiciliar ou em unidades móveis de cuidados à saúde.

A oximetria de pulso, permite medir, continuamente e de maneira não invasiva, a saturação de oxigênio (SpO2) da hemoglobina arteriolar, em uma região anatômica que permita a aferição da medida, preferencialmente de localização periférica, como as extremidades digitais das mãos e dos pés, mãos, pés, lóbulo da orelha, dentre outros. É utilizada para monitorizar pacientes com risco de desenvolver hipoxemia, pois a observação do paciente, mesmo realizada por profissionais experientes, não é capaz de precisar hipoxemia, até que a SpO2 arterial esteja abaixo de 80%.

Medir a saturação de Oxigênio

A monitorização da Saturação Periférica de Oxigênio (SpO2) fornece informação acerca dos sistemas cardíaco (Frequência Cardíaca – FC) e sistemas respiratório (Frequência Respiratório – FR) e do transporte de oxigênio no organismo que é a medida pela saturação periférica de oxigênio (SpO2). É amplamente utilizada por ser não-invasiva, monitorizar de maneira contínua, além de ser técnica de instalação simples e indolor.

Os Princípios da Oximetria de Pulso Arterial

O princípio da oximetria de pulso é baseado na absorção de luz vermelha e infravermelha na hemoglobina oxigenada (saturada) e reduzida. Este princípio é denominado espectrofotometria. O sangue saturado de oxigênio tem um espectro de absorção de luz diferente do sangue não saturado de oxigênio. Assim, a quantidade de luz no espectro vermelho e infravermelho absorvida pelo sangue, pode ser utilizada para calcular a taxa da hemoglobina oxigenada em relação a hemoglobina total no sangue arterial, sendo apresentada no monitor do equipamento como a porcentagem de SpO2. Os valores normais situam-se, normalmente, entre 95 a 100%.

A oxihemoglobina ou hemoglobina saturada absorve mais a luz infravermelha e permite que mais luz vermelha passe por meio dela. A luz infravermelha se encontra na faixa de 850 a 1000 nanômetros (nm).

A desoxihemoglobina ou hemoglobina reduzida absorve mais a luz vermelha e permite que mais luz infravermelha passe através dela. A luz vermelha se encontra na faixa de comprimento de onda de 600 a 750 nm.

Os quipamentos denominados oxímetros

Estes equipamentos utilizam sensores emissores e detectores de luz nos comprimentos de onda vermelha e infravermelha.
Os LEDs (Light-Emmiting Diode) emissores de luz vermelha e infravermelha emitem luz nos comprimentos de onda aproximados de 660 e 940 nm. Ao serem instalados em uma superfície com bom fluxo sanguíneo, promovem a passagem de luz que será mais ou menos absorvida em dependência da quantidade de hemoglobina saturada e reduzida presente na área.

Um diodo receptor capta a relação de absorção e não absorção dos dois comprimentos de onda, 660 e 940 nm. O equipamento processa a
informação demonstrando no visor a saturação de oxigênio arterial periférica.

Os principais locais de instalação dos sensores são extremidades digitais, mãos, lóbulo da orelha, narina, pés, punhos, tornozelos, dentre outros.
A escolha do local de instalação e do tipo de sensor a ser utilizado depende do tamanho e preferência do paciente, bem como, obtenção de sinal estável para
a medida.

A qualidade das medições de SpO2 depende de diversos fatores, como o posicionamento e o tamanho correto do sensor, do fluxo sanguíneo no local
de aplicação do sensor e da exposição à luz ambiente.

Faz-se importante durante a instalação dos sensores promover ajuste preciso entre os LEDs emissores e o diodo receptor de luz para prevenir a ocorrência de desvios ópticos e os consequentes erros de leitura e disparo constante de alarmes.

Vale ressaltar que se mede a saturação de oxigênio de hemoglobinas presentes no sangue arterial, pois o detector apenas transmite a relação de
absorção de luz pulsátil. A captação de luz pulsátil permite verificar a amplitude e a freqüência de pulso. Estas medidas são obtidas por meio da propriedade pletismográfica
da OPA, que permite configurar a onda de pulso, importante na avaliação da acurácia da medida e condição volêmica do paciente.

Quais as limitações de uso da oximetria de pulso?

Se a exatidão de alguma leitura for suspeita, verifique primeiro a condição clínica e os sinais vitais do paciente. Em seguida, inspecione o oxímetro de pulso para verificar o seu funcionamento.

Alguns fatores podem ocasionar problemas na verificação da SpO2 por meio da OPA, destacando-se:
1. Movimentação do paciente.
2. Baixa perfusão periférica.
3. Hipoxemia local.
4. Baixa saturação de O2 (inferior a 70%).
5. Carboxihemoglobina.
6. Meta-hemoglobina.
7. Alterações nos níveis de bilirrubina.
8. Anemia.
9. Hiperpigmentação da pele.
10.Convulsão.
11.Pulsação venosa.
12.Congestão venosa.
13.Interferência luminosa: fonte de luz de xenon, fototerapia, luzes fluorescentes, lâmpadas com raios infravermelhos ou a incidência direta dos raios solares.
14.Esmalte de unhas.
15.Vasoconstrição periférica.
16.Utilização incorreta do sensor.
17.Corantes intravasculares (indocianina verde ou azul de metileno).
18.Posicionamento de sensor em extremidade com manguito para pressão arterial ou cateter arterial.
19.Oclusão arterial próxima ao sensor.

Apesar de ser uma tecnologia não invasiva, que auxilia os profissionais de saúde na avaliação clínica do paciente e na determinação de intervenções e terapêuticas, como qualquer outra tecnologia, deve ser utilizada por profissionais devidamente capacitados, que saibam usufruir ao máximo dos benefícios de monitoração clínica do paciente, causando o mínimo de prejuízos.

Neste contexto, acrescentam-se algumas considerações a seguir.

Considerações adicionais:
• Profissionais de saúde costumam apenas avaliar o valor da SpO2, desconsiderando a curva pletismográfica da OPA. A curva fornece valiosas informações clínicas sobre a qualidade de pulso e estado volêmico do paciente.
• Os sensores não devem causar queimaduras.
• Os sensores apresentam tempo médio de uso que deve ser determinado pelo fabricante.
• Sensores que são reutilizados na prática clínica devem ter seu tempo de uso controlado para a prevenção de danos ao paciente.
• Sensores devem ser encaminhados para o serviço de manutenção ou engenharia clínica sempre que se apresentarem danificados ou emitindo calor.
• Realizar notificação sempre que identificar emissão de calor pelo sensor do equipamento de OPA.
• Na vigência de emissão de calor deve ser realizado o acompanhamento do paciente para identificar a ocorrência ou ausência de comprometimento, e realizar a notificação de evento adverso ou possível evento adverso ao paciente.
• Os sensores pediátricos devem ser instalados com materiais macios, fornecidos pelo fabricante. Não utilizar fitas adesivas diretamente sobre a pele e o sensor, para prevenir lesões de pele e quebra dos sensores.

• Deve-se realizar rodízio dos locais de instalação dos sensores. A freqüência de troca dos locais de instalação depende das condições clínicas dos pacientes. Em pacientes com perfusão periférica normal incluir na prescrição de enfermagem freqüência máxima de troca de 4 horas. A avaliação da eficácia desta intervenção deve ser controlada. Pacientes com baixa perfusão periférica podem requerer troca a cada hora.
• Para avaliar a perfusão periférica eleve o membro do paciente acima do nível do coração e avalie o tempo de enchimento capilar que deve ser inferior a 2 segundos. Esta avaliação respalda a prescrição de enfermagem para rodízio do sensor a ser instituída.
• Em recém-nascidos prematuros existe maior risco de lesões de compressão e queimaduras devido à imaturidade e vulnerabilidade da pele, em decorrência de diversos fatores como contato com substâncias químicas, adesivos, temperaturas elevadas e compressão ocasionada por diferentes dispositivos,
como o sensor de oxímetro.
• A OPA é uma monitorização preferencialmente contínua. Nos casos de avaliação intermitente, o equipamento deve permanecer instalado no paciente, com sinal constante, por pelo menos 15 minutos para a determinação da SpO2.
• Em caso de uso entre pacientes proceder a limpeza e desinfecção conforme recomendação da CCIH da instituição.
• A OPA não fornece informações sobre a pressão de oxigênio no sangue arterial (PaO2).

Como destacado anteriormente, a utilização da OPA pode causar comprometimentos ao paciente, quando não utilizada corretamente, quer seja na interpretação de dados de relevância clínica, quer seja no uso dos dispositivos empregados para a monitorização. A seguir, são apresentados relatos de caso identificados na literatura que ilustram algumas destas situações.

Referências

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3 comments

  1. Boa tarde! Eu tenho uma dúvida: é necessário proteger o membro com alguma fita adesiva , para que o mesmo não queime com o calor da luz?

    1. Obrigado pela sua pergunta. Os cuidados de enfermagem que o técnico de enfermagem deve ter com a oximetria de pulso são vários, vou citar para você um cuidado muito importante:
      – Manter o membro aquecido pois em alguns casos os pacientes tem extremidades frias e isso vai dificultar a mensuração.

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