Atendimento em Situações de Trauma no APH

Atendimento em Situações de Trauma no APH

O atendimento a vítimas de trauma é uma das áreas mais desafiadoras e críticas do Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Traumas resultam de lesões causadas por fatores externos, como acidentes de trânsito, quedas, ferimentos por armas de fogo ou objetos cortantes, entre outros.

Este tópico aborda as técnicas e protocolos avançados necessários para o manejo eficaz de diferentes tipos de traumas, incluindo trauma cranioencefálico, raquimedular, torácico, abdominal e extremidades. A ênfase é dada à avaliação rápida, intervenções imediatas e estabilização adequada para prevenir agravamentos e preparar o paciente para o transporte seguro até o hospital.

Conteúdos Abordados:

  • Avaliação Inicial em Situações de Trauma:
  • Cenário e Segurança da Cena:
    • Avaliação da segurança do local antes do início do atendimento.
    • Identificação de possíveis riscos ambientais e medidas de proteção para a equipe de resgate e para a vítima.
  • Avaliação Primária em Trauma:
    • Utilização do protocolo “XABCDE” adaptado para trauma:
    • XGrandes hemorragias
    • A – Airway (Vias Aéreas) com Proteção da Coluna Cervical: Garantia da permeabilidade das vias aéreas com estabilização simultânea da coluna cervical.
    • B – Breathing (Respiração): Avaliação da presença e eficácia da respiração, identificação de lesões torácicas ameaçadoras (pneumotórax, hemotórax, tórax instável) e intervenções apropriadas.
    • C – Circulation (Circulação): Controle de hemorragias externas graves, avaliação de pulso, perfusão e sinais de choque.
    • D – Disability (Déficit Neurológico): Avaliação do estado neurológico utilizando a Escala de Coma de Glasgow (ECG) e verificação de reatividade pupilar.
    • E – Exposure (Exposição e Controle Ambiental): Exposição do paciente para inspeção completa de lesões, enquanto se previne hipotermia.
  • Avaliação Secundária em Trauma:
    • Realização de um exame físico detalhado “da cabeça aos pés” para identificar outras lesões não detectadas na avaliação primária.
    • Coleta de informações de anamnese utilizando o método “SAMPLE” (Sinais/Sintomas, Alergias, Medicamentos, Passado Médico, Última Refeição, Eventos Relacionados ao Trauma).
  • Manejo de Trauma Cranioencefálico (TCE):
  • Identificação e Classificação de TCE:
    • Diferença entre traumas leves, moderados e graves com base na Escala de Coma de Glasgow (ECG).
    • Identificação de sinais de trauma craniano: Perda de consciência, amnésia, náusea, vômito, pupilas desiguais, fraturas visíveis, saída de sangue ou líquido cerebrospinal pelo nariz ou orelhas.
  • Intervenções no TCE:
    • Manutenção das vias aéreas abertas com estabilização cervical (uso de colar cervical).
    • Controle de pressão intracraniana: Elevação da cabeça do paciente em cerca de 30 graus, quando seguro, para reduzir a pressão intracraniana.
    • Monitoramento neurológico contínuo e preparação para transporte urgente.
  • Manejo de Trauma Raquimedular:
  • Identificação de Lesões na Coluna:
    • Reconhecimento de sinais de trauma raquimedular: Dor, deformidades, sensibilidade ao toque, paralisia ou fraqueza, incontinência.
    • Precauções universais em casos de trauma significativo ou mecanismo suspeito de lesão raquimedular.
  • Imobilização e Transporte:
    • Uso correto de colares cervicais, pranchas longas e dispositivos de imobilização de cabeça.
    • Técnicas de movimentação segura, como a “manobra em bloco”, para evitar o agravamento de lesões na coluna.
  • Manejo de Trauma Torácico:
  • Identificação de Lesões Torácicas Ameaçadoras:
    • Reconhecimento de condições como pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável (flail chest), hemotórax e tamponamento cardíaco.
  • Intervenções no Trauma Torácico:
    • Alívio de pneumotórax hipertensivo com punção torácica (toracocentese).
    • Aplicação de curativos oclusivos em feridas abertas do tórax.
    • Procedimentos de drenagem de tórax (toracostomia) em ambientes avançados.
    • Monitoramento respiratório e suporte ventilatório conforme necessário.
  • Manejo de Trauma Abdominal:
  • Identificação de Sinais de Trauma Abdominal:
    • Sinais de lesões abdominais: Dor abdominal, distensão, hematomas, sinais de “abdômen em tábua”, evisceração.
    • Reconhecimento de hemorragia interna (choque hemorrágico, hematomas abdominais).
  • Intervenções no Trauma Abdominal:
    • Estabilização e suporte hemodinâmico: Administração de oxigênio, fluidos intravenosos e preparação para cirurgia de emergência.
    • Cobertura de eviscerações com compressas estéreis úmidas e não tentar reinserir órgãos expostos.
    • Monitoramento contínuo dos sinais vitais e transporte rápido para atendimento definitivo.
  • Manejo de Fraturas e Lesões de Extremidades:
  • Identificação de Fraturas e Luxações:
    • Reconhecimento de sinais de fratura: Deformidade, dor, inchaço, incapacidade de movimentação e crepitação.
    • Identificação de lesões de tecidos moles associadas a fraturas expostas.
  • Imobilização de Fraturas:
    • Uso de talas rígidas, talas pneumáticas, ou talas improvisadas para imobilização de membros.
    • Cuidados com fraturas expostas: Controle de hemorragia, cobertura estéril e estabilização.
    • Técnicas de tração para fraturas de fêmur.
  • Controle da Dor e Administração de Analgésicos:
  • Uso de Analgésicos no APH:
    • Administração de medicamentos analgésicos e sedativos (como morfina, fentanil, ketamina) para controle da dor severa em vítimas de trauma.
    • Cuidados com doses, monitoramento de efeitos adversos e avaliação contínua da dor.
  • Procedimentos de Estabilização e Preparo para Transporte:
  • Preparo para Transporte de Vítimas de Trauma:
    • Estabilização adequada da vítima antes do transporte, garantindo vias aéreas, ventilação, circulação e controle de dor.
    • Coordenação com o hospital receptor e comunicação de detalhes sobre as condições do paciente e intervenções realizadas.
    • Monitoramento contínuo durante o transporte e prontidão para intervenções adicionais.

Benefícios Esperados com o Tópico:

Ao final deste tópico, os participantes deverão ser capazes de:

  • Realizar uma avaliação primária e secundária eficaz em vítimas de trauma, identificando rapidamente lesões que ameaçam a vida.
  • Executar intervenções específicas para diferentes tipos de trauma, como trauma cranioencefálico, raquimedular, torácico, abdominal e de extremidades.
  • Utilizar técnicas de imobilização e estabilização apropriadas para proteger lesões e preparar o paciente para transporte seguro.
  • Administrar analgésicos e sedativos de maneira segura e eficaz para o manejo da dor em vítimas de trauma.
  • Comunicar-se de forma eficaz com a equipe de suporte avançado e o hospital receptor para garantir a continuidade do cuidado e otimizar o desfecho para o paciente.

Este tópico é essencial para capacitar os profissionais a lidarem com uma variedade de situações de trauma de forma eficiente e segura, aumentando significativamente as chances de sobrevivência e recuperação das vítimas.

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