Enfermeira que faleceu após tentar parto humanizado em 2015 ainda gera polêmica

Enfermeira que faleceu após tentar parto humanizado em 2015

Atualizado em 10/05/2023 às 12:01

Mariana era Professora do curso de enfermagem da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e também era defensora do parto humanizado e teria passado, pouco mais de 48 horas em trabalho de parto tentando que a sua filha nascesse de forma natural. O fato aconteceu em 2015 o que ainda gera polêmica.

Lembrando do caso da Enfermeira Mariana

O Caso aconteceu em julho de 2015

Segundo as informações da assessoria de imprensa da Casa de Saúde e Maternidade de São Carlos essa tentativa não foi bem sucedida tendo ela que passar uma cesárea, mas o quadro de saúde de Mariana se agravou. A criança nasceu e está bem.

“Ela teve hipotensão (queda da pressão arterial) no pós-operatório, que é um dos sinais de choque hemorrágico. Os médicos decidiram pela relaparotomia (abertura da incisão) para exploração cirúrgica. O útero de Mariana foi retirado”, disse um médico que pediu para não ser identificado. “Ela sofreu uma parada cardíaca e, logo depois de reanimada, outra parada cardíaca”, completou.

Em nota, a Casa de Saúde informa que Mariana passou por cesárea sem nenhuma intercorrência. “No entanto, no processo pós-cirúrgico, devido ao quadro clínico da paciente, foi encaminhada à UTI. As informações sobre esse quadro clínico estão descritas no prontuário da paciente, que é sigiloso e acessível apenas à família”, diz a nota.

A pedido do marido, o anestesista Douglas Coelho Machado, que trabalha no Hospital de Base, Mariana foi transferida e deu entrada no HB no último sábado, dia 18 de julho, em função de o hospital ter melhores condições de atendimento. Ela teria sofrido parada cardiorrespiratória e o estado de saúde era grave. Ficou internada na UTI e morreu três dias depois, na terça-feira, 21 de julho. O hospital diz que não pode falar sobre a causa da morte, que será determinada em até 60 dias, pelo IML (Instituto Médico Legal) de Rio Preto.

A docente era especialista em saúde da mulher e vice-coordenadora do curso de enfermagem da UFSCar. Ela era defensora do parto humanizado e tem trabalhos acadêmicos na área. A Universidade informou que não vai se pronunciar sobre a morte. 

Ela foi acompanhada por uma especialista

O Diário falou com a enfermeira, doutora em obstetrícia Jamile Bussadori, que acompanhava a tentativa de parto humanizado. Quando a mulher decide que o nascimento do bebê será de forma fisiológica, em geral, é acompanhada por uma doula, mas o parto é feito por um médico ou enfermeiro especializado. Jamile disse que por enquanto não vai falar sobre o assunto. “Eu era muito próxima, amiga da Mariana, e companheira de trabalho. “Só vou me posicionar quando tiver autorização da família. A dor deles é muito grande e agora é hora de respeitar isso”, disse.

Jamile é especialista em obstetrícia pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein, e atua, principalmente, em parto humanizado, parto domiciliar e aleitamento materno. Mariana e Jamile trabalhavam juntas na UFSCar. Integrantes do Grupo Gaia de Rio Preto, que defende a humanização do parto, foram procurados, mas disseram que só vão se manifestar sobre o assunto, quando as investigações estiverem concluídas.

Segundo o presidente regional da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo, José Luis Crivellin, é preconizado na medicina que, a espera pelo nascimento do primeiro filho de uma mulher, depois de ela entrar em trabalho de parto, deve ser de 9 horas a 12 horas. “Se em 12 horas não evoluiu, não teve dilatação, o bebê não desceu, não encaixou por que esperar 48 horas para levar para o hospital?”

Ele diz ainda que depois de feita a cesária, Mariana teve atonia uterina (o útero não contrai) e foi preciso retirar o órgão. “Tudo o que aconteceu está relacionado com o tempo que ela ficou em trabalho de parto”, afirma o obstetra. O enterro de Mariana foi feito na manhã da última quinta-feira, 23, no Cemitério Municipal de Patrocínio (MG), onde mora a família. Ela deixa os pais José Dalvo da Fonseca e Marli Maria Oliveira da Fonseca, o marido, Douglas, e a filha, Maria. A família não quis falar com a imprensa por estar muito abalada.

O Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos se manifesta sobre o caso

Professora Doutora Mariana de Oliveira Fonseca-Machado, enfermeira obstetra, mestre e doutora pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, era docente e pesquisadora da área da Saúde da Mulher do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos. Com base em seu conhecimento e acompanhamento médico durante o pré-natal, que evidenciou uma gestação sem intercorrências, aguardou a evolução para um parto natural. 

Assim, a Prof.ª Mariana entrou em trabalho de parto no sábado, dia 11 de julho, estando acompanhada por profissional capacitado durante todo o processo. Para continuidade do trabalho de parto, encaminhou-se ao hospital no início da noite do mesmo dia, chegando ao local em perfeito estado de saúde. 

Algumas horas depois, Mariana foi submetida à cesariana, tendo a oportunidade de pegar sua filha no colo e amamentá-la. Posteriormente, foi encaminhada ao quarto junto com sua filha e, poucas horas depois, iniciou um quadro de complicações, que resultou no trágico desfecho. Infelizmente, preconceitos em relação ao parto natural e a “cultura de cesariana” brasileira, associados à falta de responsabilidade no compartilhamento de informações nas redes sociais e na mídia, levaram a divulgações equivocadas sobre o caso. Dados científicos indicam que a cesariana aumenta o risco de morte materna em 3-5 vezes, comparada ao parto normal. Dentre todas as causas de morte materna a hemorragia é a mais frequente delas. 

Em solidariedade à família da professora Mariana, o Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos manifesta seu profundo repúdio às manifestações sensacionalistas veiculadas. Como instituição dedicada à promoção de conhecimento, convidamos toda a comunidade à reflexão e colaboração para que a verdade deste triste episódio seja esclarecida, contribuindo para a melhora do cuidado à saúde das grávidas do Brasil.

COMENTÁRIOS SOBRE O ASSUNTO:

Dreda comenta:
Antes mesmo de ler, eu já estava prevendo o que ia acontecer. Iam absolver a doula e crucificar a equipe médica que fez a cesárea e ainda conseguiu salvar a bebê. Esse papo de que a mortalidade da cesárea é maior do que parto normal é balela. A mortalidade fica maior se forem comparadas gestantes de alto risco, que sempre fazem cesárea, com gestantes de baixo risco que fazem parto normal. Se o cientista comparar gestantes de baixo risco que fazem cesárea, a taxa de complicações é baixíssima, e é uma cirurgia extremamente rápida. Isso sem contar as complicações do bebê, que são muito menores na cesárea. Tem que parar de divulgar mentiras! Parto humanizado é aceitável e desejável. Parto em casa é um risco extremamente desnecessário.

Cláudio Luiz Pessuti comenta:
Matéria sensacionalista. Ora, se for levar a sério, poderia mudar a manchete “Mulher morre após engravidar”. Ou , “Mulher morre ,após ser tratada por médico”. Acho que algum médico , aquele que nós conhecemos , deve dar consultoria para o UOL. Aí, basta alguém querer quebrar a “máfia médica”, pronto , querem “satanizar” o procedimento.Ora, muitas e muitas mulheres também morrem em “parto normal” na mão de médico. E nesse caso, morreu “na mão dos médicos”. Palhaçada hein…

Péricles comenta:
Não se trata de egoísmo ou teimosia como se comenta alguns irmãos aqui, trata-se sim de desinformação; Deus criou o trabalho e as profissões, médico é o especialista para tais procedimentos; existem tanto no plano físico ( Terra) como no plano espiritual. Ela simplesmente agiu com imprudência e falta de conhecimento doutrinário.

Tatiane comenta:
Eu tive uma cesariana e três partos normais e afirmo que o parto normal sem dúvida é o melhor pra mulher na recuperação. ..porém cada caso é um caso e nada melhor do que fazer o parto normal ou Cesário em um hospital sendo assistida por médicos e sabendo que qualquer emergência será socorrida até pq quem é mãe o maior medo é perder nosso maior tesouro, nossos filhos imagina se esses bebês merecem o remorso que esses las iriam sentir…Vamos ser mais sensatos

Marcie comenta:
Se ela fosse uma pessoa leiga no assunto até poderiam julgá-la, mas como professora e coordenadora de um curso de enfermagem de Universidade Federal e ainda com o marido médico, creio que eles estavam conscientes da escolha que fizeram, deve ter sido algo inesperado, uma fatalidade.

Deddy comenta:
O título não tem a ver com o artigo! Se ela morreu de complicações após a cirurgia, então não trem NADA A VER com a tentativa frustada de um parto domiciliar!! E POR FAVOR [!!!!], desde quando DOULA faz parto???? NUNCA !!!! Doula é uma coisa, parteira é outra!!!

Shirenius comenta:
Cada vez mais me convenço que a cesariana é a forma de parto mais segura que existe. O parto vaginal (erroneamente chamado de “normal”) é extremamente agressivo pra o corpo da mulher e deve ser evitado.

Cirlei comenta:
Parto humanizado de cócoras, na beira do rio, ninguém quer. A mulher sofreu tanto para ter direito a atendimento hospitalar na hora do parto, o que reduziu a morte das mesmas e dos seus rebentos e vem com essa de parir na banheira… Como o outro disse é puro modismo. Tem que lutar por partos humanizados nos hospitais, quando qualquer uma chega lá ser bem tratada pelos médicos e enfermeiros e pronto. Parar esse negócio de mulher tendo filho nos corredores de hospitais, policiais fazendo partos. Reduzir ao máximo situações como essas…

Katiku  comenta:
Morreu de complicações após a cirurgia pq já deveria estar em estado crítico por ficar 48hs tentando o tal parto “humanizado”. O modismo as vezes leva a grandes e sérios problemas. Aí, muitos vão dizer que antigamente se tinham filhos em casa, porém muitas mulheres e crianças morriam tb. Agora inventaram essa, chamam uma curiosa e vamos ao parto humanizado.

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