Interpretação de Exames na Gestação

Interpretação de Exames na Gestação

Atualizado em 08/04/2023 às 11:04

A Interpretação de Exames na Gestação, é um das atividades desempenhadas pelo enfermeiro e médico nas consultas de pré-natal. Tanto o enfermeiro como o médico, podem solicitar exames para acompanhamento das pacientes.

Conforme o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, é critério fundamental para o acompanhamento pré-natal a solicitação dos seguintes exames:

  • Grupo sanguíneo e fator Rh (quando não realizado anteriormente);
  • Sorologia para sífilis (VDRL);
  • Urina tipo I;
  • Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);
  • Glicemia de jejum;
  • Teste anti-HIV com aconselhamento pré-teste e consentimento da mulher;
  • IgM para toxoplasmose;
  • Sorologia para hepatite B (HBsAg);
  • Colpocitologia oncótica (se necessário).

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E CONDUTAS

TIPAGEM SANGUÍNEA/FATOR Rh

• Fator Rh positivo: escrever no cartão o resultado e informar à gestante sobre seu tipo sanguíneo;

• Fator Rh negativo e parceiro com fator Rh positivo e/ou desconhecido: solicitar teste de Coombs indireto. Se o resultado for negativo, repeti-lo em torno da 30ª semana.

Quando o Coombs indireto for positivo, encaminhar a gestante ao pré-natal de alto risco.

SOROLOGIA PARA SÍFILIS (VDRL)

VDRL negativo: escrever no cartão e informar à gestante sobre o resultado do exame e o   significado da negatividade, orientando-a para o uso de preservativo (masculino ou feminino) quando indicado. Repetir o exame em torno da 30ª semana, no momento do parto ou em caso de abortamento, em virtude dos riscos sempre presentes de infecção/re-infecção;

• VDRL positivo: solicitar teste confirmatório (FTA-Abs ou MHATP), sempre que possível. Se o teste o confirmatório for não reagente, descartar a hipótese de sífilis e considerar a possibilidade de reação cruzada pela gravidez e/ou outras doenças, como lúpus, e encaminhar a gestante para consulta com especialista.

Se o teste o confirmatório for reagente, o diagnóstico de sífilis está afirmado, devendo ser instituído o tratamento e o acompanhamento.

Na impossibilidade de se realizar teste confirmatório em tempo hábil, e a história de tratamento não puder ser resgatada, considerar o resultado positivo em qualquer titulação como sífilis em atividade.

O tratamento será instituído imediatamente à mulher e a seu(s) parceiro(s) sexual(is) na dosagem e periodicidade adequada correspondente a sífilis tardia latente de tempo indeterminado.

URINA TIPO I

Valorizar a presença dos seguintes componentes:

• Proteínas: “traços” sem sinais clínicos de pré-eclâmpsia (hipertensão, ganho de peso) – repetir em 15 dias; “positivo” na presença de hipertensão – pré-eclâmpsia leve.

Orientar repouso e controle de movimentos fetais, alertar para a presença de sinais clínicos, se possível solicitarproteinúria em urina de 24 horas e agendar retorno em no máximo sete dias; e “maciça” referir imediatamente ao pré-natal de alto risco.

• Bactérias sem sinais clínicos de infecção do trato urinário: deve-se solicitar urocultura com antibiograma e agendar retorno mais precoce que o habitual para resultado do exame. 

• Hemáceas se associadas à bacteriúria: proceder da mesma forma que o anterior. Se hematúria isolada, excluir sangramento genital e referir para consulta especializada.

• Cilindros: referir ao pré-natal de alto risco.

HEMATIMETRIA – DOSAGEM DE HEMOGLOBINA E HEMATÓCRITO

• Hemoglobina ô€€ª11g/dl: ausência de anemia; manter a suplementação de 60mg/dia de ferro elementar, a partir da 20ª semana, e 5mg/dia de ácido fólico. Recomenda-se ingestão uma hora antes das refeições;

• Hemoglobina < 11g/dl e > 8g/dl: diagnóstico de anemia leve a moderada. Solicitar exame parasitológico de fezes e tratar parasitoses, se presentes, segundo o item 13.14. Prescrever sulfato ferroso em dose de tratamento de anemia ferropriva (120 a 240mg de ferro elementar/dia), de 2 a 4 drágeas de sulfato ferroso, via oral/dia, uma hora antes das principais refeições.

SULFATOFERROSO: 1 comprimido = 200mg, o que corresponde a 40mg de ferro elementar.

Repetir o exame em 60 dias. Se os níveis estiverem subindo, manter o tratamento até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser mantida a dose de suplementação (1 drágea ao dia), e repetir o exame em torno da 30ª semana. Se os níveis de hemoglobina permanecerem estacionários ou em queda, referir a gestante ao pré-natal de alto risco.

• Hemoglobina < 8g/dl: diagnóstico de anemia grave. A gestante deve ser referida imediatamente ao pré-natal de alto risco.

GLICEMIA DE JEJUM

A dosagem da glicemia de jejum é o primeiro teste para avaliação do estado glicêmico da gestante. O exame deve ser solicitado a todas as gestantes, na primeira consulta do pré-natal, como teste de rastreamento para o diabetes mellitus gestacional (DMG), independentemente da presença de fatores de risco. O resultado deve ser interpretado segundo o esquema a seguir. Se a gestante está no primeiro trimestre, a glicemia de jejum auxilia a detectar alterações prévias da tolerância à glicose.

TESTE ANTI-HIV

Deve ser sempre voluntário e acompanhado de aconselhamento pré e pós-teste. O aconselhamento pré-teste está descrito no item 6.1. Com o resultado do exame em mãos, o profissional de saúde (que também deverá estar capacitado para aconselhar adolescente) fará o aconselhamento pós-teste, conforme se segue:

• Resultado negativo: esse resultado poderá significar que a mulher não está infectada ou que foi infectada tão recentemente que não houve tempo para seu organismo produzir anticorpos em quantidade que possa ser detectada pelo teste utilizado (janela imunológica).

Nesses casos, a necessidade de novo teste poderá ser considerada pelo profissional, com base nas informações colhidas durante o processo de aconselhamento pré-teste.

Diante dessa suspeita, o teste anti-HIV deverá ser repetido entre 30 e 90 dias, orientando-se a mulher e seu parceiro para o uso de preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações sexuais.

O profissional de saúde deverá colocar-se à disposição da mulher, sempre que necessário, para prestar esclarecimento e suporte durante o intervalo de tempo que transcorrerá até a realização da nova testagem. Em todos os casos, o profissional deverá:

– discutir o significado do resultado;

– reforçar as informações sobre os modos de transmissão do HIV, de outras DST e as medidas preventivas;

– reforçar a informação de que teste negativo não significa prevenção, nem imunidade;

– informar que o teste deve ser repetido a cada nova gestação.

• Resultado indeterminado: esse resultado poderá significar falso positivo ou verdadeiro positivo de infecção recente, cujos anticorpos anti-HIV circulantes não estão, ainda, em quantidade suficiente para serem detectáveis pelo teste utilizado.

Nessa situação, o teste deverá ser repetid em 30 dias, orientando-se a mulher e seu parceiro para o uso de preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações sexuais. Diante desse resultado, o profissional deverá:

– discutir o significado do resultado;

– encorajar para a nova testagem, oferecendo apoio emocional sempre que se fizer necessário;

– orientar para procurar o serviço de saúde, caso surjam sinais e sintomas não atribuíveis à gestação;

– reforçar sobre as medidas para prevenção do HIV e de outras DST.

Nota: Se a gestante se enquadrar em um dos seguintes critérios de vulnerabilidade (portadora de alguma DST e usuária ou parceira de usuário de drogas injetáveis em prática de sexo inseguro) e tiver o resultado da nova testagem negativa, o exame deve ser repetido no final da gestação (36ª-37ª semanas) ou no momento da internação para o parto (teste rápido anti-HIV).

• Resultado positivo: diante desse resultado, o profissional deverá:

– discutir o significado do resultado, ou seja, reforçar a informação de que estar infectada pelo HIV não significa portar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), que é o estágio avançado da infecção, e que existem remédios para controlar a infecção materna e reduzir muito a possibilidade de transmissão para o bebê, devendo, para isso, a mãe ser avaliada e medicada adequadamente por profissional especializado na assistência a pessoas portadoras do HIV.

-IgM PARA TOXOPLASMOSE E SOROLOGIA PARA HEPATITE B (HBsAg) Proceder de acordo com o artigo Hepatite e Toxoplasmose.

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